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Iveco, do grupo Fiat, corta produção e fecha sede em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Em sua segunda passagem pelo Brasil, a fabricante de caminhões Iveco, do Grupo Fiat, enfrenta resistência dos consumidores à marca e sua participação nas vendas não chega a 4%. A montadora manteve fábrica no País por nove anos, até 1985, quando abandonou o mercado. No fim de 2000, retornou com linha de produção em Sete Lagoas (MG) e planos de conquistar 10% da fatia das vendas, mas até agora tem metade disso. ?Muitas vezes temos de pagar ágio para o cliente testar nosso produto?, admite o presidente da Iveco Latin America, Jorge Garcia. O ágio ocorre em forma de descontos extras, prazo maior de garantia e até oferta de veículo para frotistas. Na tentativa de mudar esse quadro, a Iveco anunciou ontem programa de reestruturação que começa pela transferência para Minas Gerais da sede administrativa, que hoje ocupa área de 3 mil metros quadrados na Marginal Tietê, em São Paulo. Todas as ações da empresa passam a pertencer à Fiat, embora a operação seja mantida sob o comando da Iveco. Garcia anunciou o lançamento, em agosto, do caminhão Cavallino, modelo do segmento de pesados com potência de 320 cavalos desenvolvido para o mercado brasileiro. O grupo também estuda lançar um caminhão médio, com capacidade de carga de 7 a 15 toneladas, faixa em que ainda não atua. ?Em princípio, não teremos uma economia direta com a transferência, o que deve ocorrer ao longo dos anos. A vantagem é que aumentaremos nossa eficiência ao aproximar da fábrica todos os departamentos, como o de Desenvolvimento de Produto?, diz Garcia. A operação brasileira é a única na América do Sul em que a Iveco continua perdendo dinheiro. Argentina, Venezuela, Chile e Colômbia operam com lucro ou equilíbrio, diz Garcia. O prédio da Marginal, avaliado em R$ 10 milhões, será vendido. Dos 90 funcionários, 40 serão transferidos para Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, onde o Grupo Fiat já concentra seu comando. Cerca de 25 funcionários serão mantidos na operação regional e os demais serão demitidos. No segmento de ônibus, a Iveco deixa de produzir veículos com carroceria e passa a fabricar apenas chassis. A produção de caminhões Iveco deve cair de 8 mil para 7 mil unidades este ano. A fatia destinada ao mercado externo deve baixar de 3,2 mil para 2,9 mil unidades, diante da perda de competitividade por causa do real valorizado. O mercado brasileiro de caminhões como um todo está em queda. De janeiro a maio, foram vendidas 29,6 mil unidades, 12,8% a menos ante 2005. Em vigor desde ontem, o novo programa de financiamento do governo para a compra de caminhões novos e usados, o Procaminhoneiro, não anima fabricantes. ?Infelizmente não tenho nenhum entusiasmo?, diz Garcia. O principal entrave continua sendo a falta de garantia do tomador do empréstimo, mesmo problema do fracassado Modercarga.

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