PUBLICIDADE

Juros curtos caem e longos sobem com relatório do BC

Por Nalu Fernandes
Atualização:

No mercado futuro de juros, as taxas curtas mostram recuo, enquanto as intermediárias e longas mostram elevação, principalmente em reação ao Relatório Trimestral de Inflação. O conforto manifestado pelo Banco Central quanto à inflação em 2012 beneficia os vértices curtos, enquanto outros são afetados pela percepção em relação ao cenário inflacionário em 2013. Também afetam as taxas mais longas as afirmações do secretário do Tesouro Nacional sobre o mix para o cumprimento do superávit primário. Ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (186.860 contratos) estava na máxima de 8,92%, ante 8,91% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014 (242.910 contratos) marcava 9,53%, de 9,50% na véspera. O DI janeiro de 2017, com giro de 45.705 contratos, apontava a máxima de 10,65%, de 10,61% ontem, e o DI janeiro de 2021 (6.380 contratos) indicava 11,07%, de 11,06%.No relatório do Banco Central, o cenário de referência mostra IPCA fechando 2012 em 4,4%, e o cenário de mercado indica IPCA em 2012 em 4,5%. O entendimento dos agentes do mercado de juros é de que o BC vê convergência temporária da inflação para o centro da meta, o que reforça a percepção de continuar reduzindo a Selic em direção a 9%. Para 2013, o cenário de referência coloca o IPCA em 5,2%, e o de mercado mantém o nível de 5,3%. Já estes números, segundo estrategistas, mostram a preocupação com a persistência de pressões inflacionárias.O próprio BC menciona que há resistências importantes à queda da inflação. Também o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, observa que não há apenas notícias boas sobre inflação. "A redução da inflação dos itens comercializáveis é um destaque positivo. Entretanto, na inflação de não comercializáveis há uma grande resistência na queda, especialmente nos serviços".Sobre as contas públicas, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou que o governo irá cumprir a meta cheia de superávit e, ao mesmo tempo, aumentar os investimentos neste ano. "A nossa expectativa é primário cheio e aumento do investimento", disse. O secretário cita que é possível reduzir despesas de custeio e, com isso, obter um primário mais forte. Participantes do mercado, porém, questionam a possibilidade de redução das despesas de custeio em ano de eleições municipais.No cenário externo, a piora de humor dos investidores pesou sobre os índices acionários globais e sobre os preços das commodities. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos permaneceu em 3%, na revisão do número, no último trimestre de 2011, mas ficou abaixo da previsão dos analistas. Na Europa, os leilões de bônus da Espanha e da Itália mostraram elevação da taxa de retorno ao investidor (yield). Também deprimiu os mercados a avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que as economias da Europa e dos EUA seguirão caminhos opostos no primeiro semestre do ano, com os cortes orçamentários reduzindo o crescimento europeu, enquanto a expansão norte-americana deve ser robusta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.