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Juros futuros avançam, com Meirelles e IGP-M

Os comentários do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, sobre a manutenção de um crescimento sólido do Brasil, com base no mercado interno, devem incidir como um suporte para altas na curva de juros nesta manhã. A reação tem ainda o impulso do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que apontou um sinal forte de alta nos bens finais (2,27%). O ambiente mais propício ao risco é nítido no exterior, com a expectativa de ajuda à Grécia e um dado robusto da China. Em meio ao cenário atual de apreensão sobre os riscos dos países "periféricos" europeus, Portugal estreitou a projeção de preços de seus bônus, em um indício de que a demanda pelos ativos está forte.

Por Patricia Lara e da Agência Estado
Atualização:

 Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Meirelles insistiu que essa nova etapa de desdobramentos da crise financeira já estava no radar dos governos, mas garantiu que o Brasil mantém um crescimento sólido, baseado no mercado interno. "A visão dele é que há uma correção e não uma mudança de cenário com esses últimos fatos. Ele expressou que vê mais uma correção do excesso de euforia e não uma mudança de cenário de recuperação da economia local, que, por enquanto, na percepção dele, não tem impacto benéfico na inflação", ponderou um analista.

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 Na entrevista, Meirelles se esquivou de oferecer sinais sobre análises que apontam para a necessidade de uma alta na taxa de juros e traçou um cenário benigno para a economia brasileira. Ele defendeu a preservação da política monetária, de câmbio flutuante e de metas de inflação, e avaliou que são poucas as possibilidades de modificações pelo próximo governo.

 O IGP-M subiu 0,98% na primeira prévia de fevereiro, com forte aceleração em relação à primeira prévia de janeiro (0,27%), segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa ficou dentro das estimativas dos analistas, que esperavam uma elevação entre 0,43% e 1,14%. Um ponto importante do levantamento foi a alta dos bens finais, que subiram 2,27% na primeira prévia de fevereiro, em comparação com o avanço de 0,67% na primeira prévia de janeiro.

 Os preços dos produtos industriais no atacado tiveram aumento de 1,81%, em comparação com a alta de 0,36% na primeira prévia de janeiro. "Aumenta a chance de repasse para o consumidor em um cenário de demanda interna aquecida, e é uma pressão adicional para trazer a elevação da Selic para março ou abril", observou um analista de uma corretora paulista.

 Além do IGP-M, o dia reserva os indicadores industriais relativos a dezembro de 2009, a serem divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa traz dados sobre a evolução do faturamento, das horas trabalhadas na produção, do emprego, da remuneração paga e do nível de utilização da capacidade instalada na indústria (Nuci), além do desempenho desses indicadores em 19 setores da indústria de transformação. O Nuci é o vetor-chave para o mercado de juros, que monitora a velocidade de preenchimento da capacidade como um componente para calcular o fechamento do hiato do produto.

 O quadro externo é menos tenso nesta manhã, reverberando as medidas fiscais tomadas pelo governo grego e o potencial apoio da Alemanha para moldar um pacote de ajuda "europeu" ao país. Enquanto o mercado convive com os riscos fiscais da Grécia e de outros países europeus, a China, por sua vez, cumpriu o seu papel de locomotiva econômica no pós-crise e anunciou um crescimento recorde de 85,5% das importações em janeiro, em base anual, enquanto as exportações avançaram 21%, abaixo do previsto.

 

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