
28 de julho de 2011 | 10h32
Na leitura inicial do documento, o mercado se mantém em campos diferentes, reiterando a divergência sobre se haverá ou não mais uma alta de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic (juro básico da economia) no encontro de 30 e 31 de agosto. E também ainda monitora como o câmbio reagirá hoje, após o impacto inicial das medidas anunciadas ontem para coibir ampliação de posições vendidas em real. No exterior, não há acordo ainda para a dívida dos EUA, a Grécia entra em negociação com seus credores privados e o governo da Itália pagou um custo elevado para se refinanciar.
"O BC deixou a porta aberta para novas altas, sinalizando somente que o final do ciclo está mais próximo. Mas a impressão que fiquei é que somente uma recessão global para ele não dar ao menos mais uma alta", observou o economista da LCA Consultores, Flavio Samara. "Não traz muita novidade", comentou o tesoureiro do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella, para quem o Copom já deve ter encerrado o ciclo de elevação da Selic na última reunião, quando a taxa básica subiu 0,25pp, para 12,50% ao ano.
O documento do Copom salienta que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis. Os membros do Copom retiraram a expressão "suficientemente prolongado" para a implementação de ajustes na política monetária, seguindo o que já tinha sido feito no comunicado. Mas, por outro lado, o Copom chama atenção para um quadro global de maior incerteza. A ata inclui a palavra "crescente" para qualificar o quadro atual, numa sinalização de maior gravidade das incertezas. "Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza crescente e acima do usual, e identifica riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta", diz a ata.
Os integrantes do Copom não mencionam, textualmente, na ata a intenção de fazer a convergência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o centro da meta em 4,5% em 2012. Esse compromisso constava na ata da reunião de junho justamente no parágrafo que tratava da necessidade de ajuste de política monetária "suficientemente prolongado" como estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012.
"Embora incertezas elevadas e crescentes que cercam o cenário global e, em escala marcadamente menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis", destaca a ata, divulgada nessa manhã.
E as notícias de hoje mostram que o território arenoso no exterior continua. O nervosismo dos investidores sobre a capacidade de o Congresso norte-americano chegar a um acordo em tempo de evitar um calote parcial da dívida dos EUA mantém os investidores na defensiva, mas não há sinal de pânico.
Nos EUA, a Câmara dos Representantes do país deve votar hoje uma proposta republicana sobre a elevação do teto da dívida e corte de gastos. O texto deve ser aprovado, uma vez que os Republicanos são maioria na casa. No entanto, no Senado, onde os Democratas são maioria, a proposta é outra, fato que não deve colocar um fim ao impasse sobre o tema.
A Grécia enfrenta hoje seus credores privados e precisa conquistar adesão deles para ter acesso à segunda parcela do pacote de 110 bilhões de euros fechado no ano passado com parceiros da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional.
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