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Guerra na Ucrânia: Bolsas da Ásia fecham em baixa; Europa tem dia de recuperação

Apetite por risco ganhou força no mercado europeu, diante dos relatos de uma nova rodada de negociações entre russos e ucranianos por um cessar-fogo

Por Sergio Caldas e Ilana Cardial
Atualização:

Os mercados de Ásia e Europa ficaram sem sinal único nesta quarta-feira, 2, com o primeiro fechando em queda, enquanto as Bolsas europeias subiram. Os desdobramentos em torno da guerra entre Rússia e Ucrânia seguiu no radar dos investidores, que ainda esperam por uma saída diplomática. 

Os ativos no Velho Continente iniciaram o movimento de recuperação em meio a expectativas de um novo diálogo entre ambos os países. Autoridades russas esperam que haja uma nova reunião com os pares ucranianos ao fim desta semana em Belarus, segundo fontes à Interfax

Mercado de ações de Hong Kong; Hang Seng recuou 1,84%, a 22.343,92 pontos Foto: Kin Cheung/AP Photo 

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Investidores também esperam que as sanções impostas à Rússia ajudem a dar um fim para o conflito no Leste Europeu, com a economia russa sendo estrangulada pelo Ocidente. Segundo informações, reguladores estão se preparando para um possível fechamento do braço europeu do segundo maior banco da Rússia, o VTB Bank. Já o maior banco da Rússia, o Sberbank, está saindo de quase todos os mercados europeus, devido a grandes retiradas de recursos. Os líderes dos principais países já falam em uma nova rodada de sanções, ainda mais duras.

Tentando lidar com o tema, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje um decreto para proibir que se retire mais de US$ 10 mil em moeda estrangeira em espécie ou "instrumentos monetários" do país. Já o Banco Central da Rússia decidiu cortar o depósito compulsório dos bancos do país, a fim de ajudar seus balanços no momento em que o país enfrenta sanções.

A China, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, reitera que o gigante asiático se opõe a "todas as sanções unilaterais ilegais, e acredita que elas nunca são meio fundamentalmente efetivos de se resolver problemas". Ainda hoje, com 141 países a favor, 5 contra e 35 abstenções, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que condena a invasão e pede a saída das tropas russas do território ucraniano. A China esteve entre as abstenções. O Brasil votou a favor.

Diante desse cenário, a Bolsa de Tóquio caiu 1,68%, enquanto Hong Kong recuou 1,84%, e Taiwan registrou modesta perda de 0,17%. Na China continental, os mercados também ficaram no vermelho, com o índice de Xangai em baixa de 0,13% e o de Shenzhen, de 0,56%. Exceção, a Bolsa de Seul avançou 0,16% e a de Sydney, 0,28%.

O mercado europeu foi na contramão e subiu. O índice Stoxx 600, que concentra boa parte das empresas da Europa, subiu 0,90%, enquanto a Bolsa de Londres avançou 1,36%, a de Paris, 1,59% e a de Frankfurt, 0,69%. Em Lisboa, os ganhos foram de 0,34%, em Madri, de 1,62% e em Milão, de 0,70%. A alta de mais de 7% do petróleo, que rompeu a barreira dos US$ 110, maior valor em mais de dez anos, favoreceu as petroleiras da Europa, com Shell subindo 4,95% e a BP, 4,84%. 

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Inflação

Hoje, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro, um dos principais indicadores da inflação, atingiu o nível recorde de 5,8% em fevereiro, na base anual. O resultado superou as expectativas do mercado. A Capital Economics acredita ser "bastante provável" que a inflação na região suba a mais de 6% nsos próximos meses e termine o ano em torno de 4%, bastante abaixo da meta de 2% do BCE. 

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse hoje que a guerra entre Rússia e Ucrânia deverá ajudar a impulsionar a inflação e a reduzir o ritmo de crescimento da zona do euro nas próximas semanas. Já o dirigente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Jon Cunliffe, afirmou que ainda não é claro o impacto do conflito para o cenário econômico.

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