Os mercados internacionais registraram ganhos nesta quarta-feira, 1, apesar de alguns indicadores terem fechado em queda, em dia marcado pela divulgação de importantes indicadores das economias americana e europeia.
Um dos dados mais aguardados da semana, a criação de novas vagas no setor privado dos Estados Unidos ficou em 374 mil em agosto, conforme a ADP. O resultado decepcionou o mercado, que esperava alta de 600 mil vagas no mês, e gerou grande expectativa para o payroll, relatório mais completo sobre a geração de novos postos, que será divulgado nesta sexta-feira.
Apesar da apreensão de operadores, a Capital Economics avalia que o resultado fraco do dado da ADP não vai, necessariamente, se refletir no payroll. A consultoria nota que a medição da ADP possui um histórico "pobre" ao rastrear os números oficiais divulgados pelo Departamento do Trabalho americano.
Desta forma, a consultoria britânica ainda espera a "relativamente sólida" criação de 750 mil vagas de trabalho nos EUA em agosto. A Capital ressalta ainda que o número não seria suficiente para convencer a maioria dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a iniciar o 'tapering', como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos monetários, já neste mês.
Entre outros indicadores, a IHS Markit relatou queda a 61,1 do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria dos EUA na leitura final de agosto. De acordo com o Citi, maiores prazos de entrega e consequentes aumentos nos preços de matérias-primas prejudicaram o resultado.
Na Europa, investidores ficaram atentos à divulgação dos PMIs industriais da zona do euro, Alemanha e Reino Unido, que caíram nas leituras finais de agosto, medidas pela IHS Markit. Apesar dos recuos, o setor de manufatura das três economias segue em expansão, acima de 50 pontos, ainda que em um ritmo mais fraco, segundo destaca a Oxford Economics em relatório.
Também foi divulgada a taxa de desemprego da zona do euro, que caiu a 7,6% em julho, como previsto. Na Alemanha, as vendas no varejo recuaram 5,1% entre junho e julho, bem abaixo da estimativa de queda de 0,9% no período de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.
Na Ásia, o PMI industrial chinês diminuiu de 50,3 em julho para 49,2 em agosto, ficando abaixo da marca de 50 que indica contração da atividade e atingindo o menor nível em um ano e meio. O número desanimador vem num momento em que a região asiática lida com novos surtos ocasionais de covid-19.
Bolsa de Nova York
O dado do mercado de trabalho americano afetou o desempenho da Bolsa de Nova York, com Dow Jones em baixa de 0,14%. Apesar disso, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,03% e 0,33% cada, com o último batendo recorde de fechamento.
Bolsas da Europa
O mercado europeu também observou a divulgação dos indicadores. O índice Stoxx 600 avançou 0,48%, enquanto a Bolsa de Londres subiu 0,42% e a de Paris, 1,18%. Os índices de Milão, Madri e Lisboa tiveram ganhos de 0,66%, 1,64% e 1,02% cada. Na contramão, a Bolsa de Frankfurt recuou 0,07%.
Bolsas da Ásia
Os índices ficaram sem direção única no mercado asiático. A Bolsa de Tóquio subiu 1,29% hoje, enquanto Hong Kong avançou 0,58% e Seul se valorizou 0,24%. Na China, o índice de Xangai teve alta de 0,65%, mas o de Shenzhen recuou 0,49%. Já Taiwan registrou perda marginal de 0,09%.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho hoje, com queda de 0,10%, embora tenha reduzido perdas após a publicação de dados de crescimento do país melhores do que o esperado.
Petróleo
Os contratos futuros do petróleo fecharam sem sentido único nesta quarta, próximos à estabilidade, em dia movimentado para o setor. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) afirmou hoje sua decisão de elevar a produção mensal de petróleo em 400 mil barris por dia (bpd) em outubro deste ano. Em comunicado, o grupo afirmou que, embora os efeitos da pandemia causada pela covid-19 continuem a provocar "alguma" incerteza, os fundamentos do mercado se fortaleceram.
Também chamou atenção dados sobre o estoque de petróleo dos Estados Unidos. O Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA informou queda de 7,169 milhões de barris de petróleo na última semana - mais do que o dobro do esperado por analistas. O barril de WTI com entrega prevista para outubro fechou em alta de 0,13%, a US$ 68,59 o barril, enquanto o barril de Brent para novembro caiu 0,06% , a US$ 71,59 o barril. /MAIARA SANTIAGO, ILANA CARDIAL, GABRIEL CALDEIRA E SERGIO CALDAS