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Mercados internacionais sobem após presidente do Federal Reserve defender estímulos

No Simpósio de Jackson Hole, evento anual do banco central americano, Jerome Powell apoiou a redução da compra de ativos, mas disse que ainda não é a hora de subir os juros

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Por Redação
Atualização:

Os mercados internacionais fecharam em alta nesta sexta-feira, 27, com os investidores monitorando o discurso de pró-estímulos de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no Simpósio de Jackson Hole. Na ocasião, ele voltou a descartar uma alta antecipada dos juros.

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O evento, organizado anualmente, mexeu com os mercados durante toda a semana. Na ocasião, Powell aproveitou para falar mais sobre o início da diminuição do programa de compra de ativos, o chamado 'tapering'. Ele acredita ser "apropriado começar a reduzir o ritmo das compras de ativos neste ano", possivelmente em setembro, caso a economia americana continue evoluindo de forma satisfatória.

Powell afirmou que o Fed tem dito que continuará suas compras de ativos no ritmo atual até que ocorra mais progresso substancial rumo às metas de máximo emprego e estabilidade de preços. Segundo ele, "mais progresso substancial" já foi atingido na inflação, que ainda segue em alta - o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, medida de inflação preferida do Fed, subiu 0,4% em julho ante junho. Além disso, ele disse ainda que tem ocorrido "claro progresso rumo ao máximo emprego". 

Por causa da pandemia, evento de Jackson Hole foi feito de forma virtual nesta sexta-feira, 27. Foto: Daniel Acker/Bloomberg via The Washington Post

O presidente do Fed, porém, também mencionou que houve uma disseminação maior da variante Delta da covid-19 nos EUA. Ele disse que o comando do Fed avaliará com cuidado os dados por vir e os riscos no quadro. "Mesmo após nossas compras de ativos terminarem, nossa carteira elevada de ativos de longo prazo continuará a apoiar condições financeiras acomodatícias", ressaltou. Ele mencionou ainda que não há expectativa de antecipar a elevação dos juros básicos da economia americana, atualmente entre 0% e 0,25% ao ano.

Para o ING, Powell demonstrou certa cautela em sua fala e o anúncio do tapering seria algo possível, mas a depender de um relatório de criação de empregos forte na próxima sexta-feira. Já a BMO Capital Markets mencionou que os critérios para uma eventual elevação da taxa básica de juros nos EUA são mais rigorosos que para o tapering, enquanto o Commerzbank avalia que o discurso de Powell mostrou que o cenário econômico nos EUA ainda não melhorou o suficiente para anunciar a retirada de outros estímulos monetários.

O apoio ao tom do "grande discurso" por colegas, como o presidente do Fed da FiladélfiaPatrick Harker, contribuiu para dar mais segurança a mensagem de Powell. Ao mesmo tempo, Harker voltou a defender que o processo de redução gradual nas compras de bônus seja feito "antes mais cedo que mais tarde". Por outro lado, o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, reiterou que o banco central americano pode realizar o 'tapering' mais rapidamente, completando-o até o fim do primeiro trimestre de 2022.

Bolsa de Nova York

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O discurso ajudou no bom desempenho do mercado de Nova York hoje. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,69%, o S&P 500 avançou 0,88% e o Nasdaq teve ganhos de 1,23%. Os dois últimos fecharam com novo recorde. Na semana, os índices acumularam altas de 0,96%, 1,52% e 2,82%, respectivamente.

Bolsas da Europa

O clima também foi positivo no mercado europeu, com o índice Stoxx 600, que concentra as principais empresas da região, subindo 0,43%. A Bolsa de Londres teve ganho de 0,32%, Paris, de 0,24% e Frankfurt, de 0,37%. Já os índices de Milão e Madri registraram altas de 0,56% e 0,34% cada, mas Lisboa foi na contramão e caiu 0,09% - com exceção dele, todos os demais fecharam a semana com saldo positivo.

Bolsas da Ásia

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Com os investidores à espera do discurso de Powell, que veio somente quando o mercado asiático já estava fechado, alguns índices fecharam em queda, com Tóquio em baixa de 0,36% e Hong Kong com recuo marginal de 0,03%. No lado positivo, Seul subiu 0,17% e Taiwan, 0,84%, enquanto os índices de XangaiShenzhen avançaram 0,59% e 0,10% cada.

Na agenda de indicadores, o lucro das empresas industriais da China subiu 16,4% em julho na comparação com o mesmo mês de 2020. Mais uma vez, a leitura trouxe uma desaceleração em relação ao mês anterior.

Na Oceania, a bolsa australiana terminou o pregão em baixa marginal de 0,04%, pressionada por ações de tecnologia e de consumo.

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Petróleo

Em altaEconomia
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Os contratos futuros do petróleo subiram nesta sexta e acumularam na semana avanço 10%. O desempenho positivo fez com que a commodity mais do que recuperasse as perdas da semana anterior, reflexo da escassez de oferta nos EUA, por conta de um furacão, e de cortes na produção no México após um incêndio na plataforma da Pemex. O maior apetite por risco nos mercados internacionais e o enfraquecimento do dólar ante rivais, após evento do Fed, também impulsionaram a alta.

O barril do WTI com entrega prevista para outubro fechou em alta diária de 1,96%, a US$ 68,74, e semanal de 10,62%. Já o barril do Brent para novembro teve alta de 2,16%, a US$ 71,70. Na semana, o ativo mais líquido avançou 10,0%. /MAIARA SANTIAGO, GABRIEL CALDEIRA, ANDRÉ MARINHO, GABRIEL BUENO DA COSTA, ILANA CARDIAL E SÉRGIO CALDAS

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