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Montadoras adiantam calendário e põem na rua linha 2008

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro trimestre nem acabou e as lojas já oferecem vários automóveis modelo 2008. Na disputa pelo consumidor, as montadoras antecipam cada vez mais a classificação dos carros num jogo de xadrez em que cada uma tenta prever a jogada da outra. Com quase um ano de antecedência, a Ford lançou, no fim de janeiro, o Fiesta 2008. É o lançamento mais antecipado feito até agora na indústria brasileira. Em meados de fevereiro foi a vez da Fiat apresentar o Palio 2008. No fim do mês a Volkswagen segue a concorrência e coloca no mercado o Golf 2008. A Nissan também manteve a estratégia e lançou ontem o Sentra do próximo ano, importado do México. No ano passado, a primeira a adotar a estratégia foi a Honda, ao lançar o Fit 2007 em fevereiro. Há alguns anos, a mudança de linha normalmente ocorria apenas no segundo semestre. O gerente-geral de marketing da Ford, Antonio Baltar, concorda que a prática "é para tirar vantagem do mercado". Para o consumidor, um dos benefícios é que a referência para a revenda é o ano modelo, e não o ano de fabricação. "A valorização em relação a um modelo 2007 produzido neste ano será de 6% a 8%, mas como o novo Fiesta teve várias alterações em relação ao modelo anterior, a vantagem de preço pode chegar a 10%." Segundo Baltar, o Fiesta 2008 não terá nenhuma mudança pelo menos até julho do próximo ano, período em que, seguindo a tradição, será lançada a versão 2009. Baltar informa que já há alguns modelos com fila de espera de 20 a 30 dias, como a versão mais equipada, vendida a R$ 33.990. Para dar conta da demanda interna, a Ford fez um acerto com seus distribuidores do México, para onde o modelo será exportado. Inicialmente serão enviadas poucas unidades ao país. Para Antonio Fadiga, presidente da agência Fischer América, a estratégia das montadoras atrai especialmente a um grupo de consumidor que sempre está em busca de novidades. "É aquele grupo preocupado com inovação, vanguarda e status, que quer ter o produto antes do vizinho." A prática não é exclusiva do Brasil. Outros países, como os Estados Unidos, adotam a estratégia. Mas há também os que proíbem a antecipação antes do segundo semestre, casos da Argentina e do México. Nos modelos exportados para esses mercados a gravação do chassi sai como 2007/2007, mesmo que no Brasil seja 2007/2008. Atrasado Samuel Russel, diretor de marketing da General Motors, avalia que a ação agrega valor de mercado ao carro. Em sua opinião, a estratégia seria mais vantajosa para a empresa se ela ficasse sozinha no mercado, por bom período, sem que a concorrência fizesse o mesmo. "O que ocorre é um jogo de xadrez; todos tentam antecipar qual será a estratégia da concorrente e tenta fazer primeiro", compara Russel. Ele ressalta, porém, que atrasar muito a mudança de linha certamente acarreta prejuízos. "A percepção do mercado será a de que o carro é mais antigo e por isso terá valor menor e descontos extras na venda." A GM fez quatro lançamentos este ano, da S10 e da Blazer com motores flex e de versões mais sofisticadas do Vectra e da Zafira, todos como linha 2007. O próximo lançamento da marca, em data não revelada, será de um modelo 2008. As montadoras alegam que só adotam a medida quando o carro é diferente do modelo anterior, ou seja, foi reestilizado, ganhou novo design ou até nova motorização. "Não faria sentido lançar agora um carro totalmente novo modelo 2007 e, em julho, quando não haverá nenhuma alteração, mudar para linha 2008", justifica o gerente de propaganda e marketing da Volkswagen, Marcelo Olival. No fim do mês, a Volks lança o novo Golf 2008, com design totalmente renovado, informa Olival. É o lançamento mais antecipado que a marca faz em termos de classificação de modelo. Detalhes do carro ainda não foram revelados. Revenda No mercado de carros usados, a antecipação das novas linhas pode causar confusões na hora da revenda. Normalmente, a cotação do preço do usado é feita de acordo com o ano modelo. "Se ocorrer uma avacalhação teremos de rever esse critério para avaliar o carro", afirma Cezar Batista, dono da loja Green Car, de São Paulo. Cada vez mais terá de prevalecer as condições do produto, acrescenta. Entre os consumidores também há reações negativas. O publicitário Luciano Garcia Guilherme, do Rio de Janeiro, acha que "entregar em fevereiro ou março um modelo 2008 é subestimar a inteligência do consumidor". Dono de uma Cherokee 2000, um Mustang 1968 e um Karmann Ghia 1967 ele se diz apaixonado por carros e acha a antecipação das linhas um exagero das empresas. Para o consumidor que quiser adquirir um modelo da linha anterior, é uma boa oportunidade para pechinchar, sugerem os analistas.

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