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Morgan Stanley vê risco de recessão no Brasil

Segundo Marcelo Carvalho, a crise global será mais profunda e mais extensa do que se imaginava e o Brasil deve crescer 2% ou menos em 2009

Por Luciana Xavier e Lucinda Pinto
Atualização:

O Brasil corre o risco de entrar em recessão no 1º trimestre de 2009, disse o economista-chefe do Morgan Stanley, Marcelo Carvalho. "O Brasil está mais sensível ao quadro internacional do que se pensava. O País deve crescer 2% em 2009 ou menos e o risco de recessão existe", disse ao AE Broadcast Ao Vivo. Segundo ele, o PIB brasileiro pode ficar negativo no 4º trimestre deste ano e 1º trimestre de 2009.    Ouça a entrevista Para Carvalho, está clara que a percepção de que os emergentes sofrerão bem menos também não existe e ninguém, muito menos o Brasil, ficará "imune", e outros países, além do Brasil, poderão enfrentar recessão, como os do leste europeu. "A crise global será mais profunda e mais extensa do que se imaginava", afirmou. Segundo o economista, o Morgan Stanley revisou para baixo o crescimento da economia mundial em 2009 de 2,5% para 1,7%, com contração de 1% do PIB na zona do euro, Estados Unidos e Japão. "Pela primeira vez em décadas teremos recessão sincronizada de vários países", comentou Carvalho. Os emergentes que cresciam perto de 8% devem desacelerar para 6% este ano e 4% no ano que vem. Já a China deixará para trás o crescimento de 12%, para avançar 9% este ano e 7,5% em 2009, estimou Carvalho. Ele ressaltou que esse número é fraco em se tratando de China. "Com crescimento abaixo de 7% na China, a percepção é de recessão". Carvalho acredita que após um 1º trimestre recessivo para o mundo e 2º trimestre ainda difícil, a segunda metade de 2009 pode trazer recuperação, refletindo a política fiscal e de afrouxamento monetário. "É possível, dada a natureza dos choques, que a crise seja ainda mais prolongada. A recuperação será lenta e o mundo, mesmo quando voltar a crescer, terá crescimento aquém do que teve por vários anos. Aquele mundo de abundância global e apetite a risco acabou e não vai retornar tão cedo". Inflação Enquanto para a maioria dos países a crise atual trouxe choque deflacionário, nos emergentes a inflação tem mostrado fôlego maior. "Para os emergentes, o choque é estagflacionário", explicou Stanley. Para o Brasil, isso significa que, após a pausa de outubro, o BC pode voltar a subir o juro em dezembro "para reafirmar o compromisso com a meta de inflação", disse. Carvalho tem para o Brasil um cenário de crescimento bem fraco, de 2% em 2009, ressaltando que é grande a possibilidade de o PIB ficar abaixo desse patamar, e de um real ainda pressionado pelo dólar. Ele estima que o dólar fechará 2009 ao redor de R$ 2,30. "A trajetória do câmbio é de desvalorização. A tendência é clara. E essa desvalorização não é boa para a inflação", disse. O economista espera que a inflação no ano que vem fique em 5,5% e avalia que não ficar no centro da meta " tem um custo menor hoje". Ou seja, o Brasil deve continuar na contramão dos principais BCs do mundo por mais tempo. Já o Fed, segundo ele, deve cortar os juros para 0,5% "em breve", o juro na zona do euro deve cair para 2% no final do ano, na Inglaterra, para 3% e no Japão, para 0%.

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