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Nova opção na Bovespa para pessoa física estréia hoje

Por Agencia Estado
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A emoção de jogadas no futebol, basquete e golfe é o centro da publicidade para despertar o interesse pelo POP - Proteção do Investimento com Participação, aplicação que limita perdas dos investidores quando as ações caem em troca de parte do ganho na alta das cotações. Tem início em março em rede nacional de televisão a campanha para o novo produto da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). O lançamento do POP no mercado, entretanto, acontece hoje, após ter sido adiado em uma semana para esclarecimentos à Comissão de Valores Mobiliários, xerife do mercado de capitais brasileiro. Ainda não se sabe se o slogan da campanha, "POP Bovespa - Não tem como errar", será mantido ou virá acompanhado de alguma recomendação, a exemplo de propagandas de cigarros. O fato é que o produto limita perdas, mas não elimina completamente o risco. O formato do POP é complexo, pois inclui a compra da ação de uma empresa no mercado à vista e suas correspondentes opções de compra e venda. "A estrutura é complicada, mas o produto é simples e feito para combater a aversão ao risco tão comum entre os brasileiros", afirma o superintendente-geral da Bovespa, Gilberto Mifano. O superintendente de operações da Bolsa, Ricardo Nogueira, lembra que "o produto também serve para educar os iniciantes sobre os mecanismos do mercado de renda variável". A opção de venda é o direito de vender a ação a um determinado preço numa data futura, enquanto a de compra dá o direito de adquirir uma ação numa data futura. Os executivos da Bovespa explicam que a opção de venda é o que proporciona a proteção ao investidor do POP, porque, caso o papel caia, ele terá direito de vender a ação por um preço maior. Na opção de compra, o titular do POP se compromete a dividir o ganho, caso a cotação do papel suba. A contrapartida fica com 20% ou 30% dos ganhos. Detalhes O POP será oferecido inicialmente apenas para as sete ações mais líquidas do pregão e também para o certificado de PIBB (Papéis Índice Brasil Bovespa): Petrobras PN, Companhia Vale do Rio Doce PNA, Bradesco PN, Usiminas PNA, Telemar PN, Itaubanco PN, Companhia Siderúrgica Nacional ON e PIBB CI. Haverá duas séries para cada ativo, com vencimentos em seis e 12 meses. A Bovespa espera criar novas séries a cada dois meses. Nogueira esclarece que o lote mínimo de negociação de 100 ações facilita o acesso do pequeno investidor. Do grupo selecionado, por exemplo, a aplicação mais barata refere-se a Telemar PN, que encerrou na sexta-feira a R$ 28,45, o que exigiria um aporte inicial de pouco mais de R$ 2.800. O diretor de controle da CBLC, Francisco Carlos Gomes, diz que outra vantagem do POP é que pode ser negociado a qualquer tempo, de forma integral ou em partes. "O mercado secundário vai incluir o instrumento agrupado ou cada uma das partes." Ele adverte, porém, que se o POP for desmanchado o titular perde direito ao capital protegido, "que só é assegurado no vencimento". Também é importante o investidor saber que, na data de vencimento do POP, deverá tomar novas decisões. No caso de baixa da cotação, deverá exercer a opção de venda para receber o montante do capital protegido. Se o papel subir, deverá exercer a opção de compra para embolsar a participação no investimento. O aplicador recebe o ganho em ações, com desconto de 20% ou 30%, dependendo da série. Este porcentual é destinado ao financiador, O superintendente da Bovespa ressalta: "para continuar com a proteção, a pessoa deverá vender as ações que recebeu e comprar um novo POP". Gomes enfatiza que o interessado, assim como em outras apostas na bolsa, deve escolher um corretor para fechar o negócio com POP, o que inclui o pagamento da taxa de corretagem. "Trata-se de um instrumento três em um, mas o custo é exclusivamente como se fosse de operação à vista." O que dizem especialistas Para os especialistas no mercado de capitais, o POP vai ajudar a Bolsa a deixar de ser palavrão e atrair investidores conservadores cada vez mais incomodados pela limitação dos ganhos na renda fixa devido à trajetória de queda dos juros. "A proteção de parte do capital pode ajudar o público comum a deixar de entender a bolsa como sinônimo de palavrão", avalia o professor do Ibmec-São Paulo, Ricardo Rocha, acrescentando que se trata de mais um instrumento de capital protegido, modalidade que vem ganhando espaço desde meados do ano passado, mas ainda em versões restritas a fundos para pessoas de maior renda. A escolha das ações mais negociadas para compor o POP também é elogiada por Rocha. "Facilita para a revenda das ações, já que a pessoa pode sair do POP antes do vencimento além de aumentar o número de negócios no segmento de opções." O operador de mesa da SLW Corretora Marcelo Moura também vê de forma positiva o POP na estratégia da Bovespa, em curso há alguns anos, de popularizar o mercado de capitais. "O hedge (proteção) que o produto oferece pode incentivar aqueles que têm muito medo de se arriscar em ações." Ambos concordam, porém, que os investidores mais experientes devem ignorar o lançamento, já que se mostram aptos a correr riscos em troca de ganhos mais polpudos. O professor do Ibmec-São Paulo menciona a nova geração como mais receptiva à renda variável. "Os jovens não tiveram a experiência da hiperinflação e da instabilidade, daí até acham graça do comedimento dos mais velhos."

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