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Operadoras de celular deixam o mercado de aparelhos

Por Agencia Estado
Atualização:

No ano passado, o número de assinantes de telefonia móvel aumentou 31,4%, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Este ano, o crescimento deve ficar em 16,9%. A previsão da consultoria The Yankee Group é que o número de assinantes chegue a 100,8 milhões até dezembro. A desaceleração do mercado faz as operadoras mudarem a política de subsídios, reduzindo a participação na venda de aparelhos. A Oi, da Telemar, já deixou de vender pré-pagos. Apesar de maioria, com 80,5% do total, esse tipo de assinante é o que menos resultado dá às operadoras. Para o pré-pago, a Oi comercializa somente o chip. "A Oi foi a primeira a abandonar os subsídios para o pré-pago, mantendo-os apenas no pós-pago", afirmou João Silveira, diretor de Varejo do Grupo Telemar. "Desde o Dia das Mães, 75% das ativações de clientes pré-pagos ocorrem com a comercialização de chips sem aparelhos e sem custos de subsídios. Em janeiro, esse percentual era de 20%." Em junho, a Oi conquistou cerca de 267 mil clientes pré-pagos, sem subsídio. Um dos fatores que auxilia o movimento é o GSM. Só a Vivo, maior operadora celular do País, não adota a tecnologia, mas vai passar a usá-la este ano. Como o número e as informações do cliente são armazenadas em um chip, fica mais fácil comercializar os aparelhos sem passar pela operadora. A Nokia, maior fabricante de celulares do mundo, anunciou recentemente que deixará de produzir celulares CDMA, tecnologia adotada pela Vivo até agora. No Brasil, 59,4% dos celulares são GSM e 26,3%, CDMA. O fim dos subsídios significa preços maiores ao consumidor? "Não necessariamente", afirmou Gustavo Jaramillo, diretor de Vendas da Nokia. "O próprio desenvolvimento da tecnologia diminui os preços. A migração do subsídio do pré para o pós-pago pode tornar o aparelho mais barato em alguns casos. Um exemplo disso foi a promoção da Claro para o Dia das Mães, com celulares sendo vendidos por apenas R$ 1, caso o cliente assinasse um contrato." Ou seja, caso aceitasse se tornar um pós-pago. O crescimento do mercado de aparelhos, com o aumento do número de fornecedores e de modelos, também faz com que as operadoras reduzam a atuação na venda de celulares. "Não é viável adquirir todos os aparelhos de todos os fabricantes", disse Mario Cesar Pereira de Araujo, presidente da TIM Brasil. "Então, os fabricantes partiram para as grandes cadeias de varejo. O mercado se tornou mais sadio, com mais produtos para os clientes." O executivo acredita que, apesar da redução das vendas das operadoras, o mercado não chegará nunca a 100% de venda direta dos fabricantes ao varejo. "Às vezes, a própria operadora quer ter exclusividade em algum modelo personalizado, como diferencial competitivo", explica Araujo. "No pré-pago, no entanto, o subsídio praticamente já não existe." Ele acredita que ainda há bom potencial de crescimento, apesar da desaceleração. Hoje, há cerca de um celular para cada duas pessoas no País. Identificação "Hoje, as operadoras já têm condições de identificar o valor do cliente pelo histórico ou pelo plano de serviço que o cliente está interessado em assinar", apontou Luis Minoru Shibata, diretor-geral para América Latina do Yankee Group. "As operadoras querem ter maior controle sobre seus clientes, principalmente na utilização de dados. Porém, me parece que estão entendendo que os usuários de baixa renda utilizam somente voz e mensagens de texto." No ano passado, foram vendidos 41,7 milhões de aparelhos no País, segundo o Yankee Group. O número inclui novos assinantes e trocas de celulares. Para este ano, a expectativa de venda é de 43,9 milhões. Ou seja, vendem-se mais celulares, apesar de o mercado crescer menos. Tudo graças à reposição cada vez mais acelerada. Minoru afirmou que a mudança no mercado deve levar a um reforço da marca do fabricante no ponto-de-venda. Até hoje, a ênfase esteve no nome da operadora. A Motorola confirma a tendência. "No ponto-de-venda, a Motorola busca destacar os produtos de design mais inovador, para destacar a marca", explicou José Cardoso, diretor de Vendas para o Canal Varejo da Motorola. "Há, inclusive, um direcionamento mundial específico para varejo, com displays para exposição dos produtos, presença de promotores e maneiras de dar maior visibilidade à marca." O executivo destacou que hoje, no mercado brasileiro, o principal fator que leva as pessoas a trocar de aparelho é o design, seguido de funcionalidades como câmera e tocador de MP3.

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