Vez por outra algum ativo financeiro que não despertava mais a atenção dos investidores, como o dólar, volta ao noticiário. Recentemente, a disparada dos preços do ouro no mercado internacional levou a uma maior movimentação de negócios nas empresas brasileiras que comercializam o metal. O ouro teve valorização de 12% no mercado externo em abril, tendência que foi parcialmente seguida no Brasil, onde a alta foi de 9,18%, suavizada pela baixa do dólar. Segundo informações da empresa paulista Ourominas, é crescente o número de pessoas que estão procurando aproveitar a alta dos preços para "realizar lucros" com o ouro. Ou seja, vender o ativo para lucrar com a forte valorização dos últimos meses. A procura pela aquisição do ouro ainda não se alterou, mas as corretoras acreditam que a valorização do metal pode atrair compradores. No mercado futuro internacional, o ouro atingiu na semana passada os US$ 682,5 dólares por onça-troy (31,10 gramas), valor mais alto dos últimos 25 anos. A alta acontece também com outros metais e é gerada pelos temores dos mercados com uma crise do petróleo e também com o enfraquecimento do dólar perante as outras moedas. Por ser considerado um ativo real e estar presente na vida do cidadão comum, o ouro é visto por uma parcela de investidores como um ativo de pouco risco. Desde o início do ano, o preço do metal já subiu 28% no mercado externo. Em 12 meses, a valorização é de 58% e os analistas estimam que a tendência seja de continuação dos ganhos por pelo menos mais algum tempo. No mercado há mais de 30 anos, a Ourominas começou a atender pessoas físicas há três anos. Segundo a empresa, essa fatia de investidores representa 10% de seus negócios. A outra parcela é composta por joalheiros. Segundo informações da Ourominas, muitas das pessoas físicas oferecem agora as barras de ouro que compraram de instituições financeiras décadas atrás. Para o economista-chefe da corretora Liquidez, Marcelo Voss, especialista em metais, não é aconselhável ao investidor pessoa física investir em ouro. Assim como o preço do dólar, ele afirma que o metal tem espaço limitado para subir, porque sua alta está atrelada à eventualidade de uma crise. Para bater sua máxima histórica (US$ 800 por onça-troy, no final da década de 70), a questão do petróleo teria de se agravar muito mais. Apostar nisso, segundo ele, seria bastante perigoso. "Desde a estabilização da economia e o desenvolvimento do mercado de câmbio que o ouro perdeu sua função de "hedge" (proteção) cambial. Hoje ele caiu em desuso, porque virou apenas um ativo metálico, um "hedge" de inflação", afirmou Voss.