
30 de junho de 2020 | 21h24
Nas andanças para atravessar a crise sem precedentes que o planeta enfrenta por causa do novo coronavírus, o mercado de franquias jamais poderia olhar para o outro lado: o universo digital aproxima todas as pontas do negócio e permite continuar tocando a vida ainda que as lojas físicas estejam fechadas. A presença online, quando bem estruturada e aplicada em sintonia com a natureza da operação, tende a transformar para melhor a relação com o consumidor. Não dá para negar, porém, que todos estão trocando o pneu com o carro em movimento. A situação exige – e é fato que o serviço digital, nos bastidores e nas mãos do consumidor, facilita a vida e ajuda a vender.
Contexto
Suporte na tormenta
O Brasil tem 161 mil unidades franqueadas que, juntas, registraram um aumento no faturamento de 0,2% no primeiro trimestre de 2020, atingindo a cifra de R$ 41,5 bilhões. O resultado ainda é reflexo do período pré-covid-19. Embora os números do segundo trimestre ainda não estejam fechados, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) já tem um diagnóstico: de cara, e com poucas exceções, as áreas mais abaladas foram turismo, alimentação e educação. “Todos estão tendo de se readaptar e criar mecanismos para o novo ambiente de negócio”, diz Antonio Moreira Leite, vice-presidente da ABF. “Cada segmento e cada franqueador busca soluções que passam, sem dúvida, por uma relevância maior nas transações digitais”, diz Moreira Leite. (Leia sobre o segmento de educação na pág. 5.)
Soluções
A covid-19 acelerou, por motivo de sobrevivência, a guinada tecnológica do setor de franquias. “Eu nunca vi uma profusão de surgimento de e-commerce [loja online própria] das marcas de forma tão veloz como nos últimos 90 dias, o que é extremamente positivo”, diz Moreira Leite, da ABF. “Nós mesmos acabamos de colocar de pé o e-commerce de nossas marcas para não depender de plataformas terceirizadas, que cobram altas taxas”, afirma – ele também é CEO do grupo Trigo, dono das redes Spoleto, Koni e LeBonTon.
Estratégia parecida foi adotada pela Mr. Cheney, que vende cookies e outras guloseimas. Com 75 unidades em dez Estados (90% delas em shoppings), a rede já vinha se estruturando para o comércio eletrônico. “Eu tenho uma unidade própria, que não era muito expressiva e que depois da pandemia mais que dobrou o faturamento, só com as vendas online”, diz Lindolfo Paiva, sócio-fundador da Mr. Cheney. Além de continuar trabalhando com parceiros de entrega, Paiva desengavetou planos de loja online própria. “Montamos um comitê junto aos franqueados para selecionar o melhor fornecedor”, diz. O lançamento está programado para agosto.
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