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Perspectiva aponta menor volatilidade no juro dos EUA

A equipe da instituição avalia que os dados sobre atividade nos EUA serão robustos. Para o Brasil, a perspectiva é de que a ata do Copom venha mais branda.

Por Agencia Estado
Atualização:

Cenário Importantes anúncios econômicos estão previstos para esta semana. Atenção para a recheada agenda de indicadores sobre a economia norte-americana, envolvendo novas informações sobre a atividade econômica, inflação e confiança do consumidor. Caso esses indicadores permaneçam apontando para uma atividade econômica vigorosa, provavelmente contribuirão para a sustentação da elevada volatilidade na taxa de juros dos T-Bonds de 10 anos, com impactos negativos sobre os ativos brasileiros. No front doméstico, destaque para a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, que reduziu a taxa Selic de 17,25% para 16,50% ao ano, deixando entreaberta a possibilidade de aceleração do ritmo de queda do juro básico nos meses vindouros. O tom do documento poderá ser um pouco mais otimista em relação aos anteriores. Deverá ressaltar as boas expectativas com relação à trajetória futura da inflação, destacando a melhora ocorrida no ambiente dos preços, em que a combinação de apreciação cambial e de ausências de pressões de demanda amplia as chances de convergência da inflação para a meta. Economia Internacional Na semana passada, o destaque foi o brusco e forte realinhamento ocorrido na taxa de juros das títulos do Tesouro dos Estados Unidos com prazo de dez anos, o que gerou expressiva volatilidade nos mercados globais, propiciando um processo de realocação de ativos e derrubando os preços dos ativos dos mercados emergentes em geral. A taxa média dos papéis de 10 anos, que ao longo de 2005 ficou em 4,30%, neste início de ano passou para 4,50%, chegando a atingir o pico de 4,80% na quinta-feira última. A partir do momento em que o mercado passou a precificar a taxa básica em 5%, esse realinhamento era aguardado, muito embora não viesse ocorrendo. O ajuste foi precipitado, nos últimos dias, a partir de dados confirmando o crescimento vigoroso da economia americana, que em meio à redução da capacidade ociosa, mercado de trabalho mais firme - elevando o rendimento médio por hora trabalhada - e expectativa de novas altas nos preços de energia neste ano, alimentaram as preocupações com a inflação futura. Alguns participantes do mercado passaram, inclusive, a apostar em taxa básica de juros em torno de 5,5% nos próximos meses. Há certo consenso de que o realinhamento não deverá ser muito significativo. Elementos estruturais, como expectativas de inflação de longo prazo bem comportada e elevada demanda por papéis longos por parte dos bancos centrais de países emergentes e produtores de petróleo, continuarão sustentando patamares de juros longos mais baixos vis-à-vis ao passado. Perspectiva para a semana A agenda de anúncios econômicos nos Estados Unidos é recheada nesta semana. Os destaques são os índices de inflação, principalmente ao consumidor de fevereiro, e os indicadores de atividade, que devem mostrar robustez, com bom desempenho da produção industrial em fevereiro. Para a produção industrial, acompanhando os bons resultados apresentados pelo ISM da indústria em fevereiro, estima-se expansão de 0,7% no período, contra recuo de 0,2% registrado em janeiro. Em linha com a elevação da produção industrial, a utilização da capacidade instalada deve aumentar para 81,3%, contra 80,9% em janeiro. As vendas do comércio varejista devem registrar recuo de 0,7% em fevereiro, após o aumento de 2,2% no mês anterior. Destaca-se também a prévia da confiança do consumidor da Universidade de Michigan em março, que deverá subir para 89,5 pontos, após 86,7 pontos registrados em fevereiro. No front inflacionário, atenção para o índice de preços ao consumidor (CPI) de fevereiro, que deve evidenciar o menor impacto dos preços de energia. A expectativa para o índice cheio é de alta de 0,1%, contra elevação de 0,7% em janeiro. Já o núcleo (Core CPI) deve trazer alta de 0,2%, o mesmo porcentual do mês anterior. Será divulgado também o índice de preços de importados de fevereiro, que deve mostrar recuo de 0,6%, contra alta de 1,3% no mês anterior, indicando efeito negativo menor da alta dos preços de energia. Finalmente, o Livro Bege, que será divulgado na quarta-feira, deverá manter o tom positivo dos relatórios anteriores. Economia brasileira Os resultados apresentados pelos diferentes indicadores de inflação de fevereiro confirmaram o caráter episódico do repique inflacionário ocorrido no início do ano. A inflação desacelerou-se em fevereiro, registrando alta de 0,41%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ante elevação de 0,59% em janeiro. A tendência subjacente da inflação, captada pelos diferentes tipos de núcleos, permanece em trajetória compatível com a meta traçada. O índice de difusão caiu de 59,38% para 49,61% no período. Esse bom desempenho dos preços resulta da forte desaceleração dos preços livres, captando os efeitos da apreciação cambial sobre os preços dos bens comercializáveis. A fraca demanda doméstica, por sua vez, impediu que os choques pontuais de preços relativos amplificassem os seus efeitos sobre o nível geral dos preços, contendo a alta dos preços dos serviços. É provável que o cenário permaneça favorável para a inflação nos próximos meses. Contribuirá para isso a continuidade da apreciação da taxa de câmbio e a ausência de pressões de demanda em função de uma economia operando abaixo do potencial. A recuperação da atividade econômica nos próximos meses encontrará espaço ocioso acumulado com a retração da economia no segundo semestre de 2005, favorecendo um ambiente de expansão da demanda compatível com as condições da oferta. Em resumo, a atividade econômica operando abaixo do potencial e as expectativas de inflação bem ancoradas e ao redor da meta podem determinar um corte mais forte na próxima reunião do Copom, em abril. Mercados Juros Depois de uma semana agitada após a reunião do Copom, o mercado se ajusta ao corte da Selic em 0,75%. Assim, o principal evento da semana fica em torno da divulgação da ata da reunião do Copom. Além disso, alguns números de inflação também dividirão a atenção dos investidores. Para esta semana, a expectativa é que as taxas de juros futuras apresentem queda. Câmbio Depois de uma semana de fortes oscilações no mercado cambial, que sofreu impactos do comportamento de valorização do dólar frente às demais moedas no mundo, e preocupações dos investidores em torno da taxa de juros americana, a semana promete continuar sensível a estes fatores. Mesmo com essas oscilações, a moeda americana deve fechar a semana estável em relação ao fechamento da semana anterior. O dólar encerrou a última sexta-feira cotado a R$ 2,137 na venda. NTN-C Após a divulgação da primeira prévia do IGP-M, que ficou caiu 0,09%, surgiram alguns negócios em relação aos títulos mais longos, melhorando os retornos. A perspectiva para a semana é que continue esta ligeira melhora nos retornos destes títulos. LFT O mercado encerrou a semana passada com o mesmo comportamento das semanas anteriores, ou seja, estável. Sem grandes novidades em relação aos próximos leilões destes títulos e sem alterações em relação ao apetite dos investidores, a expectativa para a semana é que se mantenha a estabilidade nos negócios. NTN-B A expectativa é que o mercado continue a apresentar uma ligeira queda nos retornos do título para a semana em função do apetite dos investidores por este tipo de ativo. O mercado deverá continuar a monitorar as projeções tanto do comportamento do indicador quanto da sinalização da política monetária. Bolsa O termo ?volatilidade alta? deve se destacar esta semana ao se falar do mercado acionário. Toda a agitação em relação ao cenário externo deve permanecer na Bovespa, principalmente com a agenda recheada de indicadores econômicos nos EUA e, em relação ao cenário político interno, com a possível definição dos candidatos da oposição para a disputa do Planalto. Além disso, o monitoramento em relação ao fluxo de investimento estrangeiro, que foi de queda na semana passada, deve permanecer influenciando os negócios no decorrer dos dias. Em março, a Bolsa paulista já registra queda em torno de 4%. Risco Brasil A semana promete ser agitada no mercado financeiro, principalmente em relação ao ambiente externo. Os investidores receberão diversos indicadores de atividade e de inflação nos EUA que ditarão o rumo dos negócios e, principalmente, o humor dos mercados. Nesta semana, como aconteceu na anterior, as discussões sobre o rumo dos fed funds poderão trazer volatilidade, gerando um aumento da percepção do risco-país.

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