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Petrobras pode deixar parceria com Repsol-YPF

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois anos e meio depois de firmar acordo com a Repsol-YPF para desenvolver estudos de produção para o campo de gás de Mexilhão, na Bacia de Santos, a Petrobras está prestes a dispensar a possível parceira, segundo uma fonte da empresa. O motivo seria a aproximação da entrada do campo em operação, em 2009. Estimativas indicam a necessidade de investimentos de US$ 3 bilhões no negócio. "A idéia era dividir os investimentos, considerados muito altos diante dos riscos desse megacampo para a retirada do gás em volume suficiente para remunerar o empreendimento. Conforme o tempo vai passando, o risco está diminuindo porque vamos conhecendo melhor o campo e encontrando soluções eficazes", explicou a fonte, que não quis se identificar alegando que o acordo prevê confidencialidade. Na época da composição da parceria, também interessavam à Petrobras os ativos da Repsol na Bolívia, fato que perdeu o sentido depois da nacionalização das reservas de gás natural no país. Uma fonte da Repsol admitiu que essa perda de ativos na Bolívia pode ter pesado. "A Petrobras quer contrapartidas e elas se esvaziaram nos últimos meses." Oficialmente, nenhuma das duas empresas confirma o rompimento, mas outra fonte diz que o prazo firmado no acordo para a conclusão das negociações acaba em janeiro de 2007. "Até lá ainda há esperança", disse a fonte, ligada à Repsol. Apesar de ter aberto à companhia espanhola os dados geológicos do campo, a Petrobras vem tocando sozinha as licitações e contratações de equipamentos. Na época em que foi assinado, o acordo já despertou polêmica. Alas mais tradicionais da estatal defendiam o sigilo dos estudos das novas reservas de gás. Como detentora de 100% da concessão do campo, a Petrobras deveria desenvolver as atividades na área, defendiam membros da estatal. A direção da empresa argumentava que a parceria permitia obter recursos para acelerar a produção no campo para 2008. Essa antecipação não se mostrou possível porque a plataforma de produção não poderia ficar pronta antes de 2009. Indagado sobre o assunto, na semana passada, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse só que "as negociações estavam em curso". Segundo ele, a Petrobras tem vários assuntos de interesse comum com a Repsol, além de Mexilhão. Num possível acordo, explicou, seriam também negociados ativos da empresa na Argentina. Segundo outra fonte da estatal, o principal impasse era sobre a fatia de cada uma. A Petrobras não abria mão de 60% a 70% do negócio e a Repsol queria pelo menos 50%.

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