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Petróleo cai, mas Petrobras deve manter preço interno

Por Agencia Estado
Atualização:

Os preços internacionais do petróleo tiveram nova queda ontem, de 3,96% em relação ao dia anterior. Na Bolsa Mercantil de Nova York, a redução no ano chega a 15% e os preços (US$ 51,88 o barril) já estão no menor nível dos últimos 19 meses, em um reflexo do inverno atípico no Hemisfério Norte e de movimentos especulativos nos mercados de commodities. Analistas do mercado brasileiro, no entanto, não esperam repasses (de baixa) aos preços internos da gasolina e no diesel neste momento. A avaliação é que a Petrobras deve esperar o mercado se estabilizar antes de decidir o que fazer. "Foi assim no ano passado, quando o petróleo chegou perto dos US$ 70 o barril e a empresa não promoveu reajuste. A Petrobras deve usar o mesmo modelo agora, com o petróleo em baixa", disse o analista da corretora Ágora Sênior, Luiz Otávio Broad. "Ainda não dá para dizer que os preços estão em um novo patamar", completa a especialista Fabiana D'Atri, da Tendências Consultoria. Procurada pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, a Petrobras limitou-se a reafirmar sua política de preços de combustíveis, que prevê o acompanhamento do mercado internacional em um prazo mais longo. Só haverá mudanças se a queda persistir por meses. O último reajuste nos preços da gasolina e do diesel foi feito em setembro de 2005, quando o barril do petróleo estava na casa dos US$ 60. Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), a gasolina no Brasil está 36% mais cara que nos Estados Unidos. No caso do diesel, o preço interno está 19% mais alto que as cotações internacionais. Ninguém no mercado acredita, porém, que as cotações se manterão nesse nível por muito tempo. "Não há grandes mudanças nos fundamentos de oferta e demanda, com relação ao ano passado", justifica Fabiana D'Atri. De fato, a principal explicação para a queda recente são as altas temperaturas do inverno no Hemisfério Norte que, segundo estimativa do banco de investimentos Merril Lynch, devem reduzir em 600 mil barris por dia a demanda global neste mês. Fabiana lembra que há ainda uma mudança de estratégia de investidores no mercado, que passaram a vender suas posições para realizar lucro, ampliando o alcance do movimento de queda. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou que pode estudar medidas para estabilizar o mercado. "Estamos monitorando o mercado diariamente. Essa queda de preços é uma grande preocupação", disse o presidente da Opep, Mohammed al-Hamli. O cartel acertou um corte de produção de 1,2 milhão de barris por dia desde novembro e outra redução de 500 mil barris por dia a partir de fevereiro. Fabiana trabalha com uma projeção de preço médio do petróleo de US$ 60 em 2007 e Broad, de US$ 57. Para Adriano Pires, diretor do CBIE, a cotação média ficará entre US$ 55 e US$ 60. (Com informações de agências internacionais).

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