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Projetos de expansão deixam novatas da Bovespa mais caras

Por Agencia Estado
Atualização:

A entrada de novas empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) não está apenas trazendo diversificação de setores aos negócios, mas também indicando que os investidores pagam mais pelas novatas. Pesquisa feita pela Agência Estado com base em números da Economática mostra que a maioria das estreantes tem valor de mercado superior ao de suas pares em lucro líquido. O levantamento toma como base as aberturas de capital de 2006. De 26 companhias, pelo menos 12 possuem valor de mercado muito superior ao de empresas com resultados finais semelhantes, apurados de janeiro a setembro do ano passado. Aliás, no mundo novo da Bovespa, companhias com lucros pouco acima de R$ 15 milhões são precificadas em bilhões. É o caso de Positivo Informática, com valor de R$ 2,3 bilhões e lucro de R$ 15,3 milhões, ante Marisol, com valor de R$ 482 milhões e ganho de R$ 15,6 milhões. A incorporadora Klabin Segall vale R$ 1,072 bilhão e lucrou R$ 12 milhões, enquanto Cia Hering teve resultado final semelhante, mas vale apenas R$ 165 milhões. É o mesmo caso de Totvs (que atua no desenvolvimento e comercialização de softwares de gestão empresarial integrada) e Lopes Brasil, que se assemelham nos dois indicadores, mas estão muito distantes da Pettenati. Os valores de mercado são de R$ 1,2 bilhão e R$ 1,1 bilhão, respectivamente, com lucros de R$ 3,8 milhões e R$ 4 milhões. Já a Pettenati, com ganho idêntico, vale somente R$ 53 milhões. O estudo exclui a Dufry, pois não há dados suficientes para comparação. Futuro Para analistas, o principal motivo da diferença está no futuro: essas empresas captaram recursos sobretudo para financiar crescimento, e o mercado está de olho nessas expansões. Outro ponto comentado foi o nível diferenciado de governança corporativa, já que a maioria das novatas ingressa apenas com ações ordinárias (ON), que dão direito a voto, e os investidores pagam por esse compromisso com a transparência. "No passado, com a volatilidade dos indicadores macroeconômicos, os investidores tendiam a não fazer aplicações de prazo muito longo. Agora, eles estão mais confortáveis para aplicar em projetos como esses e começam a olhar histórias que são mais atraentes no futuro", disse o estrategista de renda variável para América Latina do Merrill Lynch, Pedro Martins. Ele pondera, no entanto, que o raciocínio também vale para as empresas já listadas na Bovespa e que apresentem projetos de expansão. "O que conta na análise de investimento baseada no valor de mercado é o quanto a companhia vai gerar de caixa no futuro", continua. No caso das novatas, Martins lembra que muitas dessas companhias estão ligadas a setores promissores da economia, como consumo doméstico e infra-estrutura. Há ainda histórias específicas com múltiplos melhores do que os das tradicionais da Bovespa, ligadas a commodities. "As novas empresas vêm a mercado financiar projetos de crescimento e, quanto maior a expansão esperada, maior tende a ser o múltiplo pago." O chefe de análise da Ágora Corretora, Marco Melo, conta que muitas novatas da Bovespa estrearam negociando a uma relação preço da ação/lucro superior a 20 vezes. "Na média do Brasil para este ano, o que inclui as 52 empresas que acompanhamos tradicionalmente, o múltiplo é de 11,4 vezes." Ele pondera, no entanto, que os múltiplos elevados não indicam necessariamente empresas caras, "desde que o lucro e a taxas de crescimento projetados venham dentro do esperado pelo analista". De acordo com o especialista, o mercado está contando com isso. Caso os resultados não sejam entregues, ele acredita que haverá migração dos recursos para outras companhias. A estrategista da Fator Corretora, Lika Takahashi, acrescenta que foram pagos prêmios pelas melhores práticas de governança corporativa, já que a maioria das companhias lançou apenas ONs. "Mas também há o fato de estarem surgindo histórias novas para investir. No fundo, os profissionais estavam cansados das histórias antigas", brinca.

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