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Queda da Selic não atinge crediário

Por Agencia Estado
Atualização:

Começa hoje a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que, de acordo com analistas, deve determinar uma redução de 0,75 a 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic. Mas, seja qual for o corte, ele dificilmente vai chegar até o consumidor. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), enquanto a Selic caiu 2,5 pontos porcentuais de agosto de 2005 até agora, os juros do cheque especial, crediário de lojas e empréstimo pessoal em bancos subiram. A Selic caiu de 19,75% ao ano em agosto de 2005 para 17,25% na última reunião do Copom, em janeiro - ou seja, teve uma redução de 12,65% no período. Enquanto isso, a taxa de juros cobrada no cheque especial subiu de 157,18% para 157,76% ao ano (alta de 0,37%), os juros do comércio passaram de 103,97% para 104,66% ao ano (alta de 0,66%) e as taxas de empréstimo pessoal em bancos foram de 94,93% para 95,60% ao ano (alta de 0,71%). "A Selic caiu, mas, para o consumidor, alguns tipos de crédito ficaram até mais caros", diz o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. Segundo Oliveira, dois fatores podem ter levado os juros a subirem. Houve um grande aumento na demanda por crédito (com maior demanda, a tendência é o crédito ficar mais caro, ou seja, os juros subirem) e houve também um pequeno aumento nos níveis de inadimplência, o que pode ter deixado os bancos mais cautelosos. "Mesmo assim, nenhum desses fatores justifica o fato de bancos e lojas não terem repassado para o consumidor a queda da Selic", diz Oliveira. Ainda segundo o levantamento da Anefac, outras modalidades de crédito não ficaram mais caras, mas os juros não caíram no mesmo ritmo da Selic. As taxas cobrados pelo cartão de crédito passaram de 224,27% para 222,16% ao ano (queda de 0,94%), diante do recuo de mais de 10% na Selic. Os juros do CDC (financiamento de automóveis) caíram de 51,99% para 51,11% ao ano (queda de 1,69%) e os empréstimos pessoais em financeiras recuaram de 280,92% para 274,43% ao ano (queda de 2,31%). Oliveira acredita que as taxas cobradas do consumidor devem permanecer altas no médio prazo e não vão acompanhar as reduções da Selic. "Os bancos estão muito cautelosos no repasse dos cortes da Selic." A partir do segundo trimestre, a diferença entre a Selic e o juro cobrado do consumidor pode começar a diminuir, acredita ele. Segundo Oliveira, um dos principais motivos para o encarecimento do crédito foi a altíssima demanda por financiamentos - o crédito cresceu 37% em 2005, chegando a 30% do PIB. Só entre dezembro de 2005 e janeiro de 2006, o crédito para pessoa física cresceu 3,2%.

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