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Reação dos mercados ao EUA é exagero?

Por Agencia Estado
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O mercado financeiro passa por fortes ajustes desde quinta-feira da semana passada, quando investidores passaram a embutir nos preços os riscos de um aperto monetário mais amplo nos Estados Unidos. Mesmo com a alta do risco Brasil e com a migração dos recursos externos para a ativos considerados de qualidade, por apresentarem menores riscos, o preço do dólar comercial cedeu ontem. Segundo operadores, persiste a realização de lucros dos últimos dias. Mas, por outro lado, o fechamento de contratos de exportação teria contribuído em um movimento contrário. Outro fator que contribuiu para a queda foi o fato de o governo não ter referendado o nervosismo, ao não aceitar pagar juros muito elevados no leilão de títulos realizado ontem. Alguns analistas também apostam que o nervosismo é exagerado, como o economista chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado. Os dados da economia norte-americana divulgados nesta semana, que mostram alta da inflação e sugerem crescimento econômico, segundo ele, não referenda a idéia de um ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos mais extenso do que o anteriormente previsto. "De fato, a inflação está em alta. Mas há indicações de que ela atingiu o seu pico e, dessa forma, não acredito que o juro norte-americano será elevado novamente na próxima reunião do Federal Reserve", diz Penteado. O mercado futuro dos Estados Unidos mostra que há investidores esperando uma alta da Selic norte-americana de 0,25 ponto em junho e de 0,25 ponto em julho. Para Penteado, há três motivos que provam que o nervosismo do mercado não reflete, diretamente, um cenário mais negativo. O primeiro é a defasagem da política monetária - citada pela própria ata do Fed. Para Penteado, as recentes elevações do juro norte-americano terão seus efeitos sobre a economia daqui para frente. "Quando a inflação está no auge, então o Fed pára de subir o juro. É nesse momento que a atividade vai começar a desaquecer", diz. O segundo fator é que a alta dos preços de energia, por conta da valorização do petróleo no mercado internacional, contribui para a desaceleração da economia. E, por fim, Penteado observa que há sinais de arrefecimento do setor imobiliário - um dos focos de atenção do mercado. "É um exagero achar que a economia norte-americana vai crescer mais, que haverá pressões inflacionárias gigantescas ou que os EUA enfrentarão um período de estagflação por choque de ofertas", afirma. Penteado observa ainda que o nervosismo do mercado tem sido alimentado pelos dados de inflação corrente. "A política monetária é pautada pelos indicadores antecedentes da economia, que mostram que a inflação nos EUA vai arrefecer, e não pelos números de inflação corrente", defende. (Resumo de reportagens publicadas no AE News, serviço noticioso e analítico em tempo real da Agência Estado com foco em finanças, economia e política

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