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Renda fixa terá boa rentabilidade em 2006

Aplicações a juros proporcionarão alto juro real com baixo risco, mas outros investimentos mais conservadores também apresentarão boa rentabilidade.

Por Agencia Estado
Atualização:

Num balanço de 2005 temos: 1º - A bolsa brasileira teve excelente desempenho no ano, seguindo a maioria das bolsas mundiais, valorizando 26,5% (até 28/12); 2º- Os Fundos DI, média da indústria, devem fechar com rendimento bruto na faixa de 19% e líquido de 14,7% a 16,2%, dependendo da tributação, proporcionando excelente juro real na faixa de 8,6% a 9,9% ao ano; 3º- Os Fundos de Renda Fixa puros, média da indústria, devem fechar com rendimento bruto na faixa de 18,7% e líquido de 14,5% a 15,9%, dependendo da tributação, resultado um pouco abaixo dos Fundos DI; 4º- Os títulos indexados ao IPCA devem fechar, ano civil, com rendimento bruto na faixa de 14,9% e líquido de 11,5% a 12,7%, dependendo da tributação; 5º- Os títulos indexados ao IGPM devem fechar, ano civil, com rendimento bruto na faixa de 10,5% e líquido de 8,1% a 8,9%, dependendo da tributação; 6º- O ouro registrou valorização de 3,5% (até 28/12); 7º- O dólar apontou importante desvalorização em torno de 11,6% (até 28/12); 8º- O Euro teve forte desvalorização, de cerca de 23,3% (até 28/12). A inflação deve fechar o ano ao redor de 5,7% IPCA e 1,2% IGPM. O governo, com temor que a inflação desgarrasse da meta de inflação, praticou política monetária com juros reais bem elevados. Os fatos que mais influenciaram, ao longo do ano, foram: Positivos: 1º - Forte crescimento da economia americana e chinesa, provocando aumento do preço das principais commodities; 2º - Inflação brasileira muito próxima à meta de inflação; 3º - Superávit comercial brasileiro bem acima do esperado; 4º - Valorização do real, o que ajudou no controle da inflação. Negativos: 1º - Política monetária muito restritiva, devido ao receio da volta da inflação; 2º - Crescimento econômico muito pequeno, abaixo da maioria dos países emergentes; 3º - Aumento dos juros pelo FED para controlar a inflação e moderar o crescimento econômico; 4º - Escândalo do "mensalão" afetando fortemente a credibilidade do presidente e do PT; 5º - Aumento do preço do petróleo. Os profissionais de mercado (Pesquisa FOCUS do final de 2004) falharam em suas previsões: previam o dólar a R$ 2,95 (real R$ 2,345) e a taxa Selic a 15,9% ao ano (real 18% ao ano) no final de 2005 e saldo da balança comercial em US$ 26,5 bilhões (real US$ 43,0 bilhões). Esses erros vêm comprovar, mais uma vez, a dificuldade em se prever os mercados. Além disso, confirmam a orientação de que não se deve "jogar todas as fichas" em tais previsões. Perspectivas 2006 Os fatores que serão fundamentais, em nossa visão, para o desempenho dos mercados 2006, serão: Internos: 1º - Velocidade de queda dos juros implementada pelo Banco Central; 2º - Inflação potencialmente baixa em 2006, em razão do baixo reajuste futuro dos preços administrados; 3º - Recuperação de um crescimento econômico mais vigoroso; 4º - Saldo da balança comercial; 5º- Política de superávit primário; 6º - Eleição do novo presidente, e sua plataforma econômica. Externos: 1º - A continuidade do crescimento da economia americana e chinesa, com conseqüente crescimento das demais economias, inclusive a brasileira; 2º - Preço das principais commodities; 3º - A política de juros do FED a ser implementada pelo seu novo presidente; 4º - Comportamento do dólar frente às outras moedas; 5º - Comportamento do preço do petróleo. A princípio, deveremos ter mercados bem voláteis em 2006 devido, principalmente, às eleições internas. A menos que ocorra um desastre, as aplicações a juros deverão proporcionar alto juro real com baixo risco. Se os fatos se desenvolverem favoravelmente, o desempenho das ações deve ser o "carro chefe". Caso contrário, seriam favorecidos os investimentos em dólar, euro, ouro e as aplicações indexadas à inflação. Os fundos DI continuarão muito atrativos, devendo proporcionar juro real bruto entre 9 e 11% ao ano, dependendo do conservadorismo da política econômica do Governo. Os fundos de renda fixa puros deverão apresentar resultados muito parecidos com os fundos DI. O espaço para possível ganho em relação aos fundos DI é pequeno, devido à previsão do mercado dos juros futuros já indicar os cortes que deverão ocorrer na taxa Selic atual. Somente se a política de juros do Banco Central for mais agressiva do que o mercado projeta, os títulos prefixados possibilitarão um ganho adicional. Os títulos indexados ao IPCA ou IGPM continuam sendo opções interessantes de longo prazo, como diversificação de portfólio, pois esses títulos estão rendendo na faixa de 9 a 10% ao ano, mais variação do IPCA ou IGPM. Se tudo correr bem com a inflação, deverão apresentar rendimento abaixo dos Fundos DI e Renda Fixa em 2006. Os fundos cambiais (dólar e euro) podem ser opções interessantes como diversificação de portfólio, devido à sua muito baixa cotação; pois após três anos de queda do dólar, começa a ficar difícil que nenhuma reação das cotações ocorra. Além disso, neste final de ano o Banco Central mostrou-se preocupado com o excesso de especulação contra o dólar e começou a atuar através de operações de swap reverso, a fim de conter a queda do dólar. Embora as perspectivas, caso tudo ocorra dentro do esperado sem que haja qualquer crise, ainda sejam de cotações depreciadas para o dólar em 2006. Não me surpreenderia que a moeda possa alcançar rendimento superior à Selic de 2006, devido à sua tão baixa cotação. O ouro, em linha com o dólar e o euro, também será opção conservadora atraente para diversificação, devido ao baixo valor do dólar no mercado doméstico. Com a instabilidade das cotações do dólar e euro entre si, tem se tornado uma alternativa para investidores internacionais. Em razão deste fato, em 2005 apresentou desempenho bem superior a essas moedas, com alta no mercado internacional de cerca de 17,9% (até 28/12). A bolsa brasileira teve desempenho excelente em 2005. Após três anos de altas consecutivas (97,3% em 2003, 17,8% em 2004 e 26,5% em 2005), seu potencial de alta começa a diminuir. Consideramos 29.900 pontos seu valor justo atual, ou seja, em termos históricos (1968 até 2005) o valor que não apresenta ágio ou deságio no preço médio das ações. Como o mercado acionário vive de momentos de pessimismo e otimismo, acreditamos na possibilidade de que ao final de 2006 o Ibovespa possa estar em "modestos" 35.500 pontos, podendo ficar entre 39.000 pontos (otimismo moderado) e 32.000 (pessimismo moderado). Sempre lembrando a alta volatilidade desse mercado, fato que dificulta muito o acerto das previsões. As bolsas mundiais apresentaram em 2005 excelentes retornos, na faixa de 10% a 50% em dólares, com a média dos países se situando em 20%. Após essas altas, as perspectivas de continuidade de alta para 2006 começam a diminuir. As opções com maior potencial de retorno são as bolsas do Japão, França, Reino Unido e Holanda (países desenvolvidos) e Malásia, Singapura, Chile e Hong Kong (países emergentes). Os imóveis comerciais devem continuar apresentando recuperação. Os preços, atualmente, ainda continuam baixos, deprimidos pela baixa liquidez. Sua recuperação mais forte dependerá do maior crescimento da economia. Boa opção para diversificação de portfólio de investidores com perfil conservador e moderado, com boas perspectivas de médio e longo prazos. A inflação deve fechar 2006 na faixa de 4 a 7% ao ano.

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