06 de novembro de 2009 | 16h55
O alto nível de desemprego deve atrasar a recuperação da economia dos Estados Unidos, disse nesta sexta-feira, 6, o consultor econômico Bert Ely. "Passamos pelo pior da crise, mas teremos uma retomada muito lenta, porque ela depende da melhora do desemprego e não está claro quando isso irá ocorrer, tendo em vista que a taxa já chegou a 10,2%. Creio que essa retomada irá levar de dois a quatro anos", afirmou. Segundo ele, a trajetória de retomada será muito desigual e demorada. "A recuperação se dará numa estrada acidentada, alternando notícias boas com notícias ruins e não espero taxa de crescimento expressiva", acrescentou, em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo, por telefone, de Alexandria, no estado americano da Virgínia.,
A taxa de desemprego nos EUA subiu de 9,8% em setembro para 10,2% em outubro, o maior nível desde abril de 1983. Economistas previam, em média, alta para 9,9%. Desde o início da recessão nos EUA, em dezembro de 2007, a taxa de desemprego no país já aumentou 5,3 pontos porcentuais.
Além do desemprego, Ely acrescentou que os problemas bancários não foram resolvidos e que todas as propostas de mudança ou reforma feitas até agora não parecem eficazes. "Podemos ter uma boa ou uma má reforma. Não estou otimista em relação a mudanças que possam ser benéficas para o setor. Temo que os EUA possam adotar um modelo ruim de reforma que leve a uma outra crise, seja daqui 5, 10 ou 15 anos", disse.
Ely disse não estar muito preocupado com as falências no setor. Segundo ele, trata-se em sua maioria de bancos pequenos e o fechamento de instituições em situação ruim é até positivo. "Não devemos olhar muito os números mensais ou mesmo trimestrais. O ciclo de crédito costuma ter um delay em relação ao andamento da economia real. Aliás, devemos ver mais uma centena de falências nos próximos dois ou três anos", afirmou.
Segundo o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), 20 bancos declararam falência até 30 de outubro, praticamente o dobro de setembro, quando foram registradas 11 falências. Segundo o FDIC, do início de 2008 até 30 de outubro, 146 bancos declararam falência nos Estados Unidos, sendo 115 somente este ano até o final de outubro.
Ely disse ainda que com a recuperação lenta da economia é razoável que o Federal Reserve (Fed) não se apresse no início do aperto monetário para não agravar a crise, como ocorreu nos anos 30, quando a recessão vinda após o crash de 1929 acabou se transformando na Grande Depressão anos mais tarde. Esta semana, o Fed decidiu manter a taxa dos Fed Funds inalterada na faixa de zero a 0,25%. "Acho que o Fed pode facilmente manter o juro estável por um ano ou mais", avaliou.
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