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Sem Corus, CSN pode virar alvo

Por Agencia Estado
Atualização:

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), 49ª maior produtora mundial de aço, sustentou ontem que a perda da Corus para a indiana Tata não acaba com seu plano de internacionalização. Mas a dúvida que fica é se a CSN terá condições de enfrentar um novo leilão como o que acaba de perder e se tornar uma gigante mundial. A avaliação do mercado é que será muito difícil. Ninguém descarta o oposto: a CSN virar alvo. ?Em função de uma grande exposição que a CSN teve é razoável supor que o assédio de outras siderúrgicas pela CSN possa aumentar consideravelmente?, avaliou o analista de siderurgia do Banco Brascan, Rodrigo Ferraz. ?Ela está mais para caça do que para caçadora?, afirmou a analista da Ágora, Cristiana Viana. A Corus não representava apenas acesso privilegiado ao mercado europeu ou ao norte-americano, significava transformar a CSN no maior grupo siderúrgico brasileiro e em um grande competidor internacional. Nesses dois papéis, o Grupo Gerdau segue como o grande protagonista e é, segundo especialistas, o único capaz de ocupar uma posição de peso no mercado internacional. ?A expansão da magnitude que a CSN queria via Corus ficará muito mais difícil. A competição internacional é crescente e a elevação dos preços dos ativos tornam essa possibilidade pequena?, diz Marcelo Aguiar, analista do setor de siderúrgico do banco Merrill Lynch. Segundo ele, ainda há chances de a CSN obter ativos no exterior, mas em escala mais modesta. Na curta declaração que transmitiu ao mercado, o controlador da CSN, Benjamin Steinbruch, disse que o preço final de US$ 11,2 bilhões pela Corus era o máximo possível a ser ofertado sem entrar numa zona perigosa de alto endividamento, a partir do qual nenhuma estratégia financeira ou operacional garantiria um negócio sustentável para os sócios. Como a perspectiva de retorno dos acionistas no Brasil é mais elevada que a exigida em outros mercados, a CSN ficou limitada na disputa com a Tata, diz o analista da Merrill Lynch. A oferta feita pela Tata chegou a US$ 11,3 bilhões, mais de 33% superior à primeira proposta feita em outubro. Ontem, as ações da CSN subiram 6% com a notícia da derrota no leilão. De acordo com um executivo de uma grande siderúrgica mundial ouvido pelo Estado, a Corus foi o último grande ativo disponível no mercado mundial capaz de posicionar uma companhia intermediária como CSN ou Tata no topo dos produtores mundiais. Planos Sem a Corus, a CSN se concentrará num plano de investimento interno já em andamento. A empresa vai ampliar a produção da mina Casa de Pedra, onde pretende investir US$ 1,5 bilhão. O projeto que tem como perspectiva a exportação de minério prevê o aumento da produção de 16 milhões para 50 milhões de toneladas por ano. A companhia quer ainda montar uma unidade de beneficiamento do minério (pelotizadora) em Itaguaí (RJ). Outro projeto em curso é a construção, em Itaguaí, de uma usina de placa com capacidade final de 4,5 milhões de toneladas por ano. Nesta usina, a CSN pode ter a parceria da chinesa Baosteel, 5ª siderúrgica do mundo, a mesma posição que a CSN alcançaria com a Corus. Há ainda dois outros pequenos projetos que a CSN deverá tocar nos próximos anos: o ingresso no mercado de aços longos (hoje dominado por Gerdau, Belgo e Barra Mansa) e a construção de uma cimenteira.

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