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Semana deve ser neutra para mercado doméstico

Os participantes do mercado continuarão digerindo a ata do Copom, que sustentou o mesmo discurso cauteloso e conservador dos documentos anteriores.

Por Agencia Estado
Atualização:

As poucas divulgações previstas devem garantir uma semana mais neutra para os mercados domésticos. Os participantes do mercado continuarão digerindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na semana passada, que sustentou o mesmo discurso cauteloso e conservador dos documentos anteriores. A continuidade da flexibilização da política monetária foi entendida como um novo corte de 0,75 ponto porcentual na Selic em março, conforme já precificado pelo mercado futuro de juros. Economia brasileira Os indicadores de inflação divulgados recentemente mostraram a predominância de fatores pontuais na explicação da alta dos preços, neste início do ano. Apesar das altas sazonais e temporárias de alguns grupos de produtos, não há evidências de que o atual estágio da demanda doméstica esteja sancionando aumentos generalizados na economia. Essas pressões deverão se dissipar ao longo dos próximos meses. A elevação da inflação registrada pelo IPCA-15 de janeiro (0,51%) refletiu essa conjunção de fatores para a alta. A tendência subjacente da inflação, captada pelos diferentes tipos de núcleos, permanece em trajetória compatível com a meta traçada. Para a autoridade monetária, o cenário inflacionário continua benigno. E a atividade econômica joga a favor, ao apresentar um ritmo de expansão condizente com as condições de oferta. Em um contexto de indicadores de inflação comedidos em meio a um hiato positivo do produto, as condições permanecem favoráveis a um novo corte de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em março. Alguns indicadores de inflação serão divulgados nesta semana, devendo ser acompanhados com grande interesse pelo mercado, muito embora não devam trazer novos elementos que possam alterar a análise sobre a dinâmica do atual processo inflacionário. Os novos índices continuarão refletindo os aumentos pontuais e sazonais deste início de ano. Sem novidade, não serão capazes de provocar alterações significativas sobre a curva de juros futuros. No front externo, a agenda de indicadores econômicos a ser divulgada nos Estados Unidos é extensa. As atenções estarão voltadas, principalmente, para a reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, que deverá elevar a taxa básica de juros para 4,5%, e, provavelmente, dar indicações claras sobre a proximidade do final do atual ciclo de aperto monetário. Economia internacional A economia dos Estados Unidos desacelerou-se no último trimestre de 2005, refletindo, principalmente, os altos custos de energia, que refrearam tanto os gastos com consumo como também as despesas das empresas com máquina e equipamentos. O Produto Interno Bruto (PIB) referente aos últimos três meses do ano passado cresceu a uma taxa anualizada de 1,1%, após registrar expansão de 4,1% no terceiro trimestre. Em 2005, no entanto, apesar dos choques que ocorreram no período e o aperto monetário em curso, a economia americana sustentou certo dinamismo, crescendo 3,5%, ficando pouco abaixo dos 3,8% registrados em 2004. No 4º trimestre, os gastos com consumo subiram apenas 1,1% - o mais fraco desempenho desde 2001 - e os investimentos expandiram 2,8%, contra 8,5% no 3º trimestre. As medidas de inflação, que acompanham o PIB, mantiveram-se em patamar elevado, acusando os efeitos dos maiores preços da energia. O núcleo do índice de preços do PIB subiu 3,1% em termos anualizados no trimestre (2,8% no 3º trimestre), enquanto o núcleo do índice de preços dos gastos com consumo pessoal (PCE) elevou-se para 2,2% no período, contra 1,4% no trimestre anterior. Os fracos resultados apresentados nos últimos meses de 2005 reforçam as apostas na iminência do término do atual ciclo de alta da taxa básica de juros norte-americana. As apostas permanecem colocando as taxas dos fed funds em 4,5%, após a reunião desta semana, mantendo-se neste patamar ao longo do corrente ano. Perspectiva para a semana Semana recheada de divulgações econômicas nos Estados Unidos. Além da reunião do Fomc, as atenções se concentrarão nos indicadores sobre o mercado de trabalho, produtividade e preços. Os novos dados deverão confirmar o atual ritmo de crescimento moderado da economia local, com reduzidas pressões inflacionárias, corroborando a hipótese de que a taxa de juros aproxima-se da neutralidade. Na sexta-feira, será divulgado o relatório de Emprego e Desemprego de janeiro. A tendência de aumento moderado do emprego permanece. As projeções indicam que a folha de pagamento nos principais setores da economia, excluindo-se agricultura, deve mostrar incremento de 236 mil novos postos de trabalho. Já a pesquisa domiciliar deverá mostrar a taxa de desemprego estabilizada em 4,9% da PEA. Merecerá destaque também o índice de atividade divulgado pelo Instituto de Gestão da Oferta (ISM) também referente a janeiro. O ISM - indústria de transformação deverá passar de 54,2 pontos em dezembro para 55,1 pontos em janeiro, confirmando a recuperação da atividade industrial americana. A melhora do mercado de trabalho e menores pressões dos preços de energia devem favorecer a continuidade da recuperação da confiança do consumidor que deverá alcançar 104,8 pontos com o dado de janeiro (103,6 pontos no mês anterior) segundo o Conference Board. Nesta linha, deverá vir o sentimento do consumidor da Universidade de Michigan de janeiro, que deverá se manter em torno de 93,4 pontos alcançado na última pesquisa. Finalmente, deve-se estar atento às divulgações dos indicadores de produtividade e custo da mão-de-obra, referentes ao 4º trimestre de 2005, que poderão dar boas dicas sobre a evolução dos custos de produção e eventuais ameaças inflacionárias. Na Europa, o destaque da semana é a reunião do Banco Central Europeu (BCE) para definir a taxa básica de juros da zona do euro. Na reunião anterior, o BCE sustentou a taxa em 2,25%, após ter elevado em 25 pontos em dezembro. Apesar da preocupação com o risco inflacionário, a instituição deve sustentar os juros inalterados em fevereiro. Economia brasileira Os indicadores de inflação divulgados recentemente mostraram a predominância de fatores pontuais na explicação da alta dos preços, neste início do ano. Apesar das altas sazonais e temporárias de alguns grupos de produtos, não há evidências de que o atual estágio da demanda doméstica esteja sancionando aumentos generalizados na economia. Essas pressões deverão se dissipar ao longo dos próximos meses. A elevação da inflação registrada pelo IPCA-15 de janeiro (0,51%) refletiu essa conjunção de fatores para a alta. A tendência subjacente da inflação, captada pelos diferentes tipos de núcleos, permanece em trajetória compatível com a meta traçada. Para a autoridade monetária, o cenário inflacionário continua benigno. E a atividade econômica joga a favor, ao apresentar um ritmo de expansão condizente com as condições de oferta. Em um contexto de indicadores de inflação comedidos em meio a um hiato positivo do produto, as condições permanecem favoráveis a um novo corte de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em março. Inflação IGP-M de janeiro, divulgado nesta segunda-feira, registrou elevação de 0,92%, ante -0,01% em dezembro. As causas desta alta concentraram-se no atacado. Entre os produtos agrícolas, destaque para soja, café, milho e cana-de-açúcar, enquanto entre os industriais, os combustíveis e metalurgia voltaram a pressionar o índice. No varejo, mensalidades escolares, combustíveis (álcool e gasolina) e artigos de higiene foram os destaques de alta; IPC-S de janeiro, que será divulgado na quarta-feira, deve mostrar inflação de 0,80%, com ligeira elevação frente ao resultado da semana anterior (0,73% na apuração até 22/janeiro), mas com forte alta em relação ao fechamento de dezembro (0,46%). O desempenho do IPC-S em janeiro foi influenciado pelas pressões sazonais, como alta dos preços dos produtos in natura, reajuste das mensalidades escolares e pela entressafra da cana-de-açúcar, provocando elevação dos preços do álcool e da gasolina; IPC-Fipe de janeiro, a ser divulgado nesta sexta-feira, deve mostrar variação próxima de 0,60%, resultando em forte alta vis-à-vis a dezembro, quando registrou alta de 0,29%. Mensalidades escolares, alta dos preços dos combustíveis e viagens e recreação explicam a inflação captada pela Fipe em janeiro. Setor externo A Secretaria de Comércio Exterior divulga, nesta quarta-feira, o resultado da balança comercial de janeiro. Projeta-se superávit em torno de US$ 2,4 bilhões, resultante de exportações de US$ 8,9 bilhões (+19,6% que janeiro de 2005) e importações de US$ 6,5 bilhões (+22% que janeiro de 2005). Esse resultado mais fraco em relação aos meses anteriores reflete, fundamentalmente, uma sazonalidade desfavorável das exportações, não significando alteração na tendência de crescimento das vendas externas. Política A semana promete ser agitada na arena política. Estão agendadas as votações, em plenário da Câmara, dos processos de cassação dos deputados Roberto Brant (PFL) e Professor Luizinho (PT). Especula-se que ambos têm boas chances de serem absolvidos, em que pese as acusações de "pizza" que inevitavelmente se seguirão. Além disso, na Câmara devem ser votadas, em segundo turno, a emenda constitucional que institui o Fundeb e a que termina com a verticalização nas eleições. Quanto a esta última, é certo que o tema chegará ao STF - seja como um questionamento da mudança das regras eleitorais a menos de um ano da eleição, seja na forma de um questionamento à própria verticalização. Ainda que incerto quanto à decisão, o fato de a regra ter sido derrubada pela esmagadora maioria da Casa aumenta as chances de o Judiciário não alterar a decisão do Legislativo. No Senado, poderá entrar em pauta a proposta do Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL) que altera as regras sobre o uso de medidas provisórias. Segundo a proposta, as MPs deixariam de ter força de lei imediatamente. Ao invés disso, teriam que ser submetidas a uma Comissão Especial, que num prazo de cinco dias, teria que avaliar se procederia ao tratamento de urgência e relevância para a matéria objeto da MP. A MP entraria em vigor somente após esta etapa. A proposta também altera os prazos de trancamento de pauta e institui um rodízio em que Câmara e Senado se revezariam na tarefa de ser a primeira casa a votar a MP. Há um sentimento muito forte no Congresso a favor de mudanças nas regras que regem o uso de medidas provisórias. No entanto, como foi proposto, o projeto do senador baiano dificilmente seria aprovado dada as limitações que impõe sobre o Executivo no uso das Mps. Mercados Risco País - A semana promete ser agitada no mercado financeiro no que depender do ambiente externo. Nos EUA, a agenda recheada de indicadores econômicos ficará no centro das atenções dos investidores durante toda a semana. Destaque também para a reunião do FOMC do banco central americano (Fed). Assim, qualquer sinal diferente do esperado desses indicadores pode trazer um ligeiro aumento na aversão do risco para a semana. Câmbio - O fluxo cambial, o comportamento do cenário externo e o monitoramento das ações do Banco Central no mercado serão pontos focais dos investidores do mercado cambial nesta semana. Outro destaque fica por conta do anúncio do Tesouro da reabertura de uma emissão em euros para 2015. A expectativa para a semana persiste para uma valorização da moeda brasileira frente ao dólar. Juros: Depois da divulgação da ata do Copom na semana passada, que ficou em linha com as expectativas do mercado, a autoridade deve fazer um forte monitoramento da inflação e dos canais de transmissão da política monetária. Com isto, os investidores ficarão ainda mais atentos aos números da inflação fechados do primeiro mês do ano para ajustar suas apostas para os juros futuros. LFT - Neste mercado, destaque para o anúncio do Tesouro de que não fará leilão de oferta de LFTs em fevereiro. Esta notícia contribui ainda mais para uma percepção de que permaneça baixo o nível de preços e o potencial de ganho nestes títulos. NTN-C (IGP-M) - Foi divulgado o IGP-M de janeiro, que ficou em 0,92%, dentro das previsões do mercado. As expectativas em relação ao indicador para o curto e médio prazo devem ditar o apetite do investidor por estes títulos. Para a semana, esperamos uma estabilidade nos retornos destes títulos. NTN-B (IPCA) - Sem grandes alterações na liquidez deste mercado e nos prêmios, que devem continuar estáveis para a semana, os investidores deverão acompanhar de perto as projeções do índice para 2006. Bolsa - O fluxo externo continua favorecendo a valorização do mercado acionário, que deve permanecer para esta semana, mesmo precisando de uma certa realização destes lucros. A Bolsa paulista, até o dia 27, valorizou 15%. Os investidores estarão atentos aos indicadores nos EUA, que, no entanto, não devem afetar o desempenho da Bovespa no período.

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