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S&P reduz rating da Vale após compra da Inco

Por Agencia Estado
Atualização:

A Standard & Poor´s reduziu o rating de crédito corporativo da Companhia Vale do Rio Doce de "BBB+" para "BBB", depois do anúncio de que 75,66% das ações ordinárias da produtora canadense de níquel Inco Ltd foram adquiridos como parte da oferta da Vale para obter todas as ordinárias da Inco. "A decisão reflete o aumento da alavancagem da dívida da Vale para financiar a oferta em dinheiro", afirmou o analista de crédito da S&P, Reginaldo Takara. Os ratings continuam em revisão para possível rebaixamento (creditwatch com implicações negativas), no qual foram colocados em 11 de agosto passado, aguardando a definição do plano de financiamento da companhia para o empréstimo-ponte destinado a concluir a aquisição. Os ratings da Inco estão equalizados em BBB com os da Vale e também foram colocados em revisão para possível rebaixamento, informa a S&P. A revisão negativa reflete as incertezas sobre a estrutura definitiva para financiar o empréstimo-ponte e a resultante estrutura de capital projetada para a Vale para os próximos dois anos, diz a S&P. Dependendo de como a nova estrutura de capital for acertada, os ratings poderão ser rebaixados mais um grau para BBB- ou reiterados em BBB se o empréstimo-ponte for parcialmente financiado com instrumentos com características acionárias. Os ratings, diz a agência, refletem o forte perfil de negócios da Vale, caracterizado pela sua posição de liderança no mercado de minério de ferro e pela diversificação geográfica e de produtos, fundamentos sólidos no médio prazo e boas perspectivas de crescimento para o minério de ferro e uma estrutura de custo competitiva na maior parte das commodities metálicas que a empresa negocia. Os ratings incorporam a aquisição da Inco e, portanto, levam em consideração o avanço na diversidade dos negócios gerado pela transação, acrescenta. Estes pontos positivos, segundo a S&P, são contrabalançados pelo esperado forte aumento na alavancagem financeira da Vale no curto prazo por causa da compra da Inco, por alguma concentração geográfica, mesmo considerando-se a aquisição da empresa canadense, uma vez que a Vale vai continuar dependendo de fluxos de caixa originados por um número limitado de reservas no Brasil (60% da receita continuarão vindo do país). A S&P também aponta o programa agressivo de investimento (capex), que permanecerá ambicioso pelos próximos anos, com a projetada expansão em vários fronts e saídas de capital consideráveis, e a política de dividendos, de certa forma agressiva, da companhia brasileira, que tradicionalmente levou a Vale a fazer significativos pagamentos de dividendos relativos ao fluxo de caixa operacional livre. "Contudo, ainda esperamos que a Vale mantenha um perfil financeiro intermediário", acrescenta. O rating BBB da Vale continua significativamente acima do rating soberano (a República Federativa do Brasil tem rating "BB" em moeda estrangeira, com perspectiva estável) e acima da avaliação "BBB-" para o risco de transferência e conversibilidade do país da S&P. "Acreditamos que as características do mercado de minério de ferro juntamente com a expansão da diversificação geográfica e baixa dependência dos mercados financeiros locais dão suporte à resistência da companhia às condições voláteis do país", diz a nota da S&P.

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