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Tesouro IPCA já paga juros de 6% ao ano acima da inflação; vale a pena investir?

Segundo analistas, é preciso avaliar prazo dos títulos; resgates antes do vencimento podem significar prejuízo

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Com a percepção de aumento do risco fiscal no Brasil, os juros que remuneram o Tesouro Direto voltaram a subir. Os títulos atrelados à inflação, por exemplo, já estão cotados pela variação do IPCA mais remuneração de 6% ao ano, o maior nível em seis anos. Esse cenário decorre das dúvidas em relação à “PEC Kamikaze” e o temor de uma bomba fiscal para o próximo governo. Por isso, investidores passaram a exigir taxas maiores, o que se reflete no Tesouro Direto.

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Foi por esse motivo que, na tarde desta terça-feira, 5, o Tesouro Prefixado atrelado à inflação com vencimento em 2055 era o que oferecia o maior retorno ao investidor: IPCA mais 6,10%. Já o com vencimento em 2035 pagava com taxa de 6%. O título com vencimento mais curto, em 2026, oferecia IPCA mais 5,85%. “Já estávamos em um período de juros altos pela inflação pressionada, o que já fazia a taxa subir. Mas agora estamos com um risco fiscal maior com a PEC de Bondades, que era um risco não projetado antes”, explica a analista da corretora Rico, Paula Zogbi.

Ela afirma que a recomendação geral é para que o investidor, ao comprar um título público, avalie primeiro a necessidade de recursos ao longo do tempo, evitando assim ter de sacar o dinheiro antes do prazo de vencimento do papel e perder o rendimento integral. A analista diz que, com a taxas que estão sendo pagas hoje, o melhor negócio para o investidor é buscar os títulos com vencimento de mais curto prazo.

Juros que remuneram o Tesouro Direto voltaram a subir; analistas explicam se vale a pena investir Foto: Fabio Motta/Estadão

Risco

“Não existe um prêmio que faça valer optar por prazos mais longos. Não vale o risco de sair dos com vencimento em 2025 (pré-fixados)”, avalia. No caso da aplicação de dinheiro da chamada reserva de emergência, a indicação é investir no Tesouro Selic, que segue a variação da taxa básica de juros.

“De uma maneira geral, os investimentos em renda fixa, hoje, estão muito atrativos. Uma rentabilidade de 6% acima da inflação medida pelo IPCA é ótima para quem puder deixar seu dinheiro investido até o vencimento do título”, afirma o professor da Escola de Economia da FGV Henrique Castro. Ao contrário do que se pensa por se tratar de um investimento em renda fixa, o valor do título do Tesouro Direto oscila, já que seu valor depende de variáveis de mercado, como o juro no futuro. Para manter um retorno do IPCA mais 6% ao ano, por exemplo, o investidor precisa manter o papel em mãos até o vencimento.

A cofundadora da casa de análise Nord, Marília Fontes, afirma que os investimentos em títulos prefixados, como os atrelados à inflação, podem ser uma boa opção apenas se o investidor tiver segurança de que a tendência é de baixa das taxas de juros. No entanto, a sua avaliação é de que o momento ainda é muito incerto. Por isso, sua indicação nesse momento é de investimento nos títulos pós-fixados (caso do Tesouro Selic), que estão pagando nesse momento 1% de juro ao mês.

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