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Vale já tem mais dinheiro do que precisa para comprar a Inco

Por Agencia Estado
Atualização:

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) já conseguiu no mercado financeiro internacional mais que os US$ 18 bilhões necessários para pagar o lance que fez pela mineradora canadense de níquel Inco. Segundo uma fonte ouvida pelo jornal O Estado de S.Paulo, que participa das negociações, há uma corrida dos bancos para participar da operação. Esse é um sinal de confiança na Vale e uma aposta que a empresa vai levar a rival canadense. Os bancos que já aderiram ao pool para financiar o negócio colocaram mais de US$ 20 bilhões à disposição da Vale. "Como o prazo ainda não terminou, a oferta final poderá chegar a US$ 25 bilhões", afirma o banqueiro. A data limite para os bancos aderirem a operação é segunda-feira (18). Os quatro bancos que assessoram a Vale (Credit Suisse, UBS, ABN Amro e Santander) coordenam a participação de outras instituições no negócio, conhecido como empréstimo sindicalizado. Os quatro bancos participarão com US$ 1,5 bilhão cada, o resto será distribuído entre outras instituições financeiras. "Como a oferta de dinheiro é maior que a necessidade da companhia, a participação de cada banco será reduzida, proporcionalmente, no final da operação", explica a fonte. Pelo tamanho e o interesse na operação, o negócio ganhou dimensões inéditas no mercado latino-americano. A distribuição de cotas para o empréstimo é três vezes maior que o montante sindicalizado durante um ano inteiro no Brasil. A captação de recursos para terceiros feitas por bancos mediante a distribuição de participação entre instituições financeiras movimenta cerca de US$ 6 bilhões por ano no País. Esta é a maior operação sindicalizada feita na América Latina e é o triplo do que é feito anualmente no País. Grau de investimento A previsão é que a Vale 'assine o cheque' para a compra da mineradora canadense no dia 2 de outubro, caso sua proposta seja aprovada. A oferta da Vale para as adesões dos detentores de ações da Inco termina no dia 28. Enquanto isso, a Vale já prepara a operação a partir da qual pretende converter o empréstimo ponte de US$ 18 bilhões de curto para longo prazo. Com a Inco na mão - depois de tirar Teck e Phelps Dodge da disputa -, esta se torna a operação mais importante para a companhia. A compra da Inco elevará a dívida líquida da companhia de US$ 4 bilhões para US$ 22 bilhões. 'Seguramente, a área financeira da Vale junto com os bancos que assessoram a operação já estão desenhando essa operação de alongamento da dívida. A expectativa é que seja anunciada imediatamente após a conclusão do negócio', afirma o banqueiro. A pressa tem uma razão. Ao internalizar US$ 18 bilhões em dívida no balanço, a companhia corre o risco de ter rebaixado as notas dadas pelas agências de classificação de risco. Atualmente, as agências dão notas para a Vale como 'grau de investimento'. Esta condição da companhia garante à empresa um custo mais baixo para obter empréstimos no mercado internacional. A Vale já informou que pretende fazer toda a operação de alongamento da dívida de US$ 18 bilhões sem perder esta posição antes às agências, obtida pela primeira vez no dia 8 de julho de 2005. Hoje, quatro agências de classificação de risco (Moody's, Dominion Bond, Fitch e Standard & Poor's) conferem à Vale notas correspondentes a grau de investimento. As agências Fitch e S&P anunciaram, no entanto, que o rating da Vale está em observação. Segundo Reginaldo Takara, analista da S&P, a agência deverá rebaixar a Vale assim que a operação for concluída. 'Ainda não sabemos se esse rebaixamento vai tirar a Vale do grau de investimento. O mais importante agora é saber se a operação de alongamento deste endividamento ficará adequada a uma empresa com grau de investimento', diz Takara. A avaliação do mercado é de que, apesar de uma operação complexa e grande, a companhia não terá problemas em fechar a operação num prazo relativamente curto. 'O mercado está muito receptivo, com liquidez', avalia o banqueiro.

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