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Varejo teme Sadia com mais poder após compra da Perdigão

Por Agencia Estado
Atualização:

O anúncio da proposta de compra da Perdigão pela Sadia surpreendeu e preocupa o comércio. O receio é de que a nova empresa aumente os preços dos produtos. ?Não temos detalhes da proposta, mas em tese qualquer aumento de concentração é ruim para o mercado?, diz o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira. Para o coordenador do Programa de Administração de Varejo da USP, Claudio Felisoni de Angelo, o cenário é claro: uma fusão levará a uma elevação de preços porque a Sadia terá um alto poder de monopólio. ?A situação deve ficar difícil para os supermercados porque será apenas um negociador e não dois. Haverá uma elevação de preços?, prevê. O fato, ressalta o presidente da Abras, é que as duas empresas têm uma participação muito expressiva em algumas categorias de produtos, como embutidos, pratos prontos congelados e carnes. Segundo dados do instituto ACNielsen, a participação de mercado da Sadia e Perdigão em carnes congeladas, por exemplo, é de 80,7%. Em pratos prontos, como pizza, lasanha, entre outros, ambas chegam a ter 92,4% do mercado. As grandes redes como Pão de Açúcar, Wal-Mart e Carrefour não fizeram comentários. Mas, segundo uma fonte, teriam sido avisadas no fim de semana sobre a proposta pela direção da Sadia. A fusão da Antarctica com a Brahma que resultou na AmBev é citada, por alguns varejistas, como um exemplo que pode se repetir. ?Quando as marcas eram separadas havia briga de preços e o consumidor saía ganhando. Agora isto não existe mais?, diz um deles. Outro lembra que, embora as empresas enfrentem concorrentes regionais, a distância entre a terceira marca é muito grande. Uma pesquisa feita pela revista Supermercado Moderno com as marcas preferidas do varejo revela esta diferença. Na categoria presunto, por exemplo, a Sadia tem 37,65% da preferência, seguida pela Perdigão com 28,65%. A marca que aparece em terceiro lugar, a Seara, tem apenas 6,13% das menções. ?A pressão não ficará restrita às linhas onde Sadia e Perdigão dominam?, avalia Felisoni. Para o consultor de varejo Eugênio Foganholo, se o processo for em frente os fornecedores pequenos de matéria-prima poderão passar dificuldades. ?Eles terão apenas uma empresa para vender.? Do ponto de vista estratégico, ele considera que a operação significará um salto para as empresas. ?Vão ganhar musculatura no mercado internacional, com escala e redução de custos e no mercado interno vão entrar em novas categorias e ocupar um espaço maior nas gôndolas.?

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