'A Getnet planeja entrar na Europa no ano que vem', diz presidente da empresa

Duas décadas depois de surgir na forma de startup, executivo diz que companhia tem ambição de ter atuação global; em paralelo, Getnet também avança para se tornar uma empresa listada em Bolsa

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Por Aline Bronzati
4 min de leitura

Após se expandir para Chile, Argentina e México, a Getnet, empresa de maquininhas do Santander Brasil, está de malas prontas para desbravar a Europa em 2022. No ano seguinte, o destino serão os Estados Unidos. De uma startup, criada no Rio Grande do Sul em 2003, a empresa se tornou peça-chave nos planos do espanhol Santander de criar uma plataforma global de pagamentos.

Em paralelo, a Getnet avança para ser uma empresa listada em Bolsa no Brasil e nos EUA, destravando o valor do negócio, hoje escondido no balanço da filial do banco no Brasil, que controla a operação. Para isso, está à espera do aval do Banco Central para ter vida solo. "Se tudo der certo, como a gente acredita que vai dar, não tem nenhum motivo para não, (a listagem em bolsa) será no quarto trimestre", afirma o presidente da Getnet, Pedro Coutinho, ao Olhar de Líder, programa de entrevistas do Estadão/Broadcast. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

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Pandemia de covid-19 levou a salto da digitalização, diz Coutinho. Foto: Aluísio Alves/Reuters

O Banco Central devolveu aos lojistas os recebíveis. A adoção da regra foi marcada por problemas operacionais, com empurra-empurra entre as registradoras. Quais são as suas expectativas?

Esse é um projeto de quase dois anos. Não é simples. É um projeto que cria um novo modelo para o mercado, dá mais transparência aos recebíveis e a oportunidade de escolha aos estabelecimentos. A gente já sabia que não seria uma implementação fácil pelo ecossistema, que envolve bancos, clientes, registradoras e credenciadoras. Tivemos dois dias bem difíceis e conseguimos colocar para funcionar (o novo modelo) com uma ou outra intermitência. Já foi muito melhor.

Para o lojista, a nova regra deve representar mais crédito, a menores taxas?

A nova regra vai gerar uma competitividade maior, dar a oportunidade de mais empresas brigando pelo cliente e, a exemplo do que vimos em outros negócios, como no crédito consignado (com desconto em folha), financiamento de veículos e imobiliário, que cresceram exponencialmente nos últimos dez anos, acredito que isso também vai acontecer com os recebíveis.

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O PIB brasileiro veio melhor do que o esperado, mas o cenário de retomada é acompanhado de uma vacinação lenta, ruídos políticos e crise energética. De que forma esse ambiente se reflete no desempenho do mercado?

O setor de meios de pagamentos tem se demonstrado ao longo dos últimos 11 anos resiliente. No ano passado, a gente cresceu. No primeiro trimestre, crescemos 11,3%. Muita gente não acreditava que a indústria de pagamentos poderia crescer dois dígitos com a retirada do auxílio emergencial, e nós crescemos.

Para 2021, a expectativa (de crescimento) se mantém entre 18% a 20%?

Sim. Acredito neste número. O varejo em maio foi muito bem, e o setor está no meio desse processo. A gente ajuda os estabelecimentos, que ainda não são, a se bancarizar e se digitalizar. Quando a gente olha para o mundo digital, estamos vendo alguns estabelecimentos vendendo mais depois da pandemia. Estamos em uma indústria que está crescendo porque tem ajudado os clientes a venderem mais.

Então, a projeção será alcançada mesmo em um cenário macro ainda desafiador?

A gente acredita que sim. Outro ponto importante é que a previsão de que os gastos das famílias através dos meios de pagamentos digitais chegariam a 60% em 2022 será batida também.

A pandemia teve algum papel no alcance dessa meta?

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Sem sombra de dúvidas, sim, de três formas. A primeira foi o auxílio emergencial. A gente viu um pedaço da população se bancarizar e se digitalizar. O segundo ponto é que as empresas de e-commerce tiveram um papel importantíssimo. O terceiro é que, quando veio a pandemia, não foi uma orientação do CEO ou do diretor de tecnologia. Quem mandou foi a covid. A covid disse o seguinte: “Arruma aqui o mundo digital, porque senão vai ficar para trás”. A gente viu as empresas se transformarem. Os pequenos que não vendiam nada (no digital) passaram a vender.

A Getnet se prepara para ser uma empresa solo e listada em bolsa. Como está o processo?

Ao longo dos últimos dois anos, trabalhamos com a área global do banco, que entende que a Getnet pode ser multiplicada. Temos uma equipe de tecnologia separada, dedicada para essa empresa global. O banco tomou a decisão de que, para esse processo e geração de valor, teria de fazer um spin-off da Getnet do Santander Brasil. Isso foi feito e autorizado no fim de março. Nós ingressamos com o pedido junto ao Banco Central e esperamos que isso (a autorização) ocorra até o fim de setembro. Mas está na mão do regulador. Temos de esperar. Estamos seguindo o processo de que tem de ser feito junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e à Nasdaq.

A listagem vem neste ano?

Se tudo der certo, como a gente acredita que vai dar, será no quarto trimestre.

Em quais países a Getnet quer estar que ainda não chegou?

A gente já implantou a Getnet no México. Estamos operando na Argentina e no Chile. Temos um planejamento para ingressar na Europa no ano que vem e, em 2023, nos EUA.

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Há mais aquisições no radar?

Nos últimos anos, fizemos algumas aquisições que completassem nossa oferta de valor e melhorassem nossos serviços. O que está no nosso alvo? Nesse momento, nada. Nosso foco está em consolidar as empresas que compramos, e, ao mesmo tempo, a prioridade é todo o tema da expansão da Getnet em outros países.

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