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A hora de ganhar dinheiro

A cadeia da construção civil fatura alto com a boa fase do setor

Por Leonardo Pessoa
Atualização:

A combinação de fatores favoráveis como a maior oferta de financiamentos imobiliários e juros mais baixos, além de investimentos em alta na capacidade de produção fomentam a indústria que mais cresceu no primeiro trimestre de 2008, a de construção civil - o PIB do setor teve um acréscimo de 8,8%, resultado inédito desde 2004. No mesmo período, o PIB brasileiro avançou 5,8%. No rastro desse avanço expressivo, as pequenas e médias têm sido bastante cortejadas para atender desde simples projetos de construção e reformas até grandes obras de infra-estrutura.    Formas de driblar os entraves e exportar  Prós e contras na hora de recorrer ao banco  A receita da juventude  O alquimista da perfumaria  As principais fontes de recursos  Como vender para o governo  De carona na vida saudável  Vida longa às empresas  Para quem sonha com grandes negócios  O aquecimento chega a Paraisópolis  Tesoura nas despesas     Eduardo Zaidan, diretor de economia do Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP), afirma que o ano deve terminar com um incremento de 10% no mercado de construção. "Além da chamada auto-construção, em que os próprios consumidores decidem fazer obras e compram os materiais, há outras oportunidades. Os pequenos e médios podem aproveitar as obras públicas, de infra-estrutura e a ampliação das indústrias", complementa.   Aproveitando os bons sinais do aquecimento do mercado imobiliário, os paulistanoas Márcia Bacci, Rosane Oliveira e Nelson Ribeiro analisaram as condições de um nicho para lançar o primeiro negócio próprio. As sócias abriram uma agência de eventos voltada aos lançamentos de imóveis. Antes da decisão, estudaram dados do setor, como o expressivo volume de empreendimentos residenciais novos. Só em 2005 foram 765 na capital paulista e região metropolitana. Assim, há três anos colocaram no mercado a Máxima Promoções, que cria campanhas e eventos para estimular as vendas dos lançamentos das incorporadoras e construtoras.. No primeiro ano, o pequeno negócio registrou faturamento superior a R$ 1 milhão. De 2006 para 2007, o crescimento foi de 42%. Neste ano, de janeiro a julho, já faturou 35% mais que em todo o ano de 2007. "Se o mercado continuar aquecido, muitas construtoras e incorporadoras precisarão oferecer mais diferenciais para conquistar a preferência de novos proprietários. Para nós é certeza de muito trabalho e resultados ainda melhores", diz Márcia. Rosane afirma que o crescimento da agência tem relação também com a mudança do perfil dos potenciais compradores. "Atualmente, as pessoas não se preocupam tanto com a planta na hora de adquirir uma casa, apartamento. Compram o conceito do local, o que aumenta o desafio das incorporadoras para conquistá-las", explica.   Ancorada num setor em alta, a agência ganha aos poucos mais musculatura. Nasceu dentro da casa de Márcia, há três anos, e já no primeiro ano exigiu uma ampliação de toda a estrutura. A moradora deixou o lugar e ali instalou somente a Máxima. Hoje, elas comandam 27 funcionários. "Continuamos de olho nos números para conseguirmos dar conta da demanda", afirma Oliveira.   Hiroshi Shimuta, dono da Nicom Materiais de Construção, na Zona Sul de São Paulo também comemora a boa fase da construção civil. A expansão teve início em março. O estoque da loja passou de 2.300 metros quadrados para 4 mil m2. "Até o fim do ano devo aumentar mais 400 m2", prevê. Já a equipe de Shimuta saltou de 40 funcionários para mais de 60. A demanda levou a contratação de mais vendedores, repositores e compradores. Segundo o empresário, entre os meses de março a junho, o faturamento cresceu 30% no comparativo com mesmo período do ano passado. Julho, segundo suas projeções, deve registrar alta de 45% sobre as vendas do igual período de 2007. "É fato que nos últimos tempos muita gente começou a reformar", diz o empresário, que recebe por dia, em média, 1.800 clientes. O ticket médio é de R$ 170.   Quem também observou atentamente as cifras crescentes foi o publicitário Maurício Eugenio. Mesmo com mais de 20 anos de experiência em projetos de comunicação e marketing imobiliário, foi só no final do ano passado que ele levou mais a sério a intenção de partir para um novo empreendimento. Em junho, Eugenio lançou a Elite, especializada em venda imobiliária. O empresário espera movimentar a vida de pequenas e médias empresas fornecedoras de serviços e produtos que agreguem valor à agência. "A indústria imobiliária ativa uma série de segmentos, desde a comercialização, prestação de serviços, tecnologia e pesquisa até empresas instaladoras de promoção e marketing.   As pequenas e médias empresas também deixam sua marca nas grandes obras e descobrem inúmeras possibilidades de lucros. Com a demanda em pleno vapor nas obras de infra-estrutura e nos parques industriais, e as grandes empresas atuando no seu limite, aumentam as oportunidades para aquelas de menor porte. Nesse caso, porém, ressalta o gerente de Suprimentos de Grandes Projetos da Camargo Corrêa Engenharia e Construção, Eduardo Dobbin, as exigências acompanham o porte das empreitadas. Além do atendimento total aos requisitos das obras, cresce a importância do comportamento sócio-ambiental. O executivo cita os setores de óleo e gás, mineração e celulose entre os mais expressivos e atrativos na atual fase.

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