28 de junho de 2011 | 16h29
O atrito entre o empresário Abílio Diniz e o grupo francês Casino, principais sócios do Pão de Açúcar, ganhou mais força após o chairman da varejista brasileira apresentar proposta para aliança com o Carrefour nesta terça-feira, 28.
Em carta, o Casino exige que Diniz convoque imediatamente uma reunião do Conselho de Administração do Pão de Açúcar para discutir os termos da oferta feita ao Carrefour.
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"Solicitamos que, visando a resguardar os interesses da companhia (Pão de Açúcar), nenhuma negociação com terceiros seja iniciada, nenhuma informação sobre os negócios do grupo seja disponibilizada a terceiros e nenhum acordo seja celebrado com terceiros, antes de ser obtida a necessária aprovação da acionista controladora", afirmou o Casino.
No documento, o Casino também "lamenta profundamente" o fato de Diniz ter iniciado negociações com o Carrefour, seu principal rival na França, sem comunicar o parceiro com quem divide o controle do Pão de Açúcar através da holding Wilkes.
"Diante de uma agressão dessa grandeza, não hesitaremos em continuar adotando todas medidas cabíveis para a preservação dos interesses da companhia e de todos os seus acionistas", acrescentou o Casino na carta.
Em resposta, Diniz arquivou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma carta em que se defende das acusações do Casino, alegando que as manifestações feitas pelo controlador e presidente do Casino, Jean Charles Naouri, são "extremamente agressivas e distorcem completamente a realidade dos fatos".
"Estou em Paris há 24 horas, tentando sem sucesso um encontro com Jean Charles Naouri, a fim de discutirmos a proposta que recebemos e que precisa ser analisada. Naouri se nega a dialogar, prefere me atacar pela imprensa. Não consigo entender o propósito disso", afirmou o empresário brasileiro, acrescentando que buscará uma solução amigável.
O Carrefour recebeu nesta terça uma oferta de união com o Pão de Açúcar no Brasil, numa operação que se aprovada reforçará a liderança do grupo brasileiro no varejo nacional. O negócio depende do aval de acionistas e autoridades antitruste.
A oferta pelas operações brasileiras do Carrefour, que pode criar um grupo com domínio sobre 27% do varejo brasileiro, foi feita por meio da Gama, fundo do banco de investimentos BTG Pactual, que conta com apoio do BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
A proposta prevê investimento de 1,7 bilhão de euros do BNDESPar e de 300 milhões de euros pelo BTG Pactual, que também vai arcar com dívida de 500 milhões de euros do Carrefour no Brasil.
A tensão entre Diniz e Casino já vinha ocorrendo há mais de um mês, quando surgiram informações de que o empresário teria abordado o Carrefour sem permissão do sócio Casino para discutir uma possível fusão.
Por considerar que o grupo de Diniz descumpriu as obrigações previstas no acordo de acionistas de 2006, relacionado à holding Wilkes, o Casino entrou no mês passado com um pedido de arbitragem internacional contra o empresário brasileiro.
(Por Vivian Pereira)
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