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Agricultura seguirá dependendo de rodovias por 20 anos, diz professor

Especialistas debateram a sustentabilidade do campo no Fóruns Estadão Brasil Competitivo

Por Tassia Kastner , Suzana Inhesta e da Agência Estado
Atualização:

SÃO PAULO - O Brasil vai continuar dependente do transporte rodoviário nos próximos 15 a 20 anos, afirmou o diretor e professor titular da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", José Vicente Caixeta Filho, em sua apresentação durante o Fórum Estadão - Brasil Competitivo: "A Sustentabilidade do Campo II". Ele ressaltou que o governo seguirá tendo papel importante na melhoria da logística do País, mas claramente não será como investidor e sim como gestor.

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"O governo assumiu saúde, educação, saneamento, segurança. Transporte e logística não parecem prioridade. E se a gestão da agricultura é difusa, também vale para a logística. Temos o Ministério dos Transportes, A Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Empresa de Planejamento e Logística", salientou.

Para Caixeta, os investimentos em infraestrutura têm sido feitos por grandes empresas privadas, o que significa que o produtor menor não consegue se apropriar do menor custo logístico. "O produtor não consegue ir no balcão da ferrovia negociar o escoamento da safra, ele precisa vender a produção para um agregador, como uma trading", afirmou. Na prática, o custo cerca de 20% menor com o transporte via ferrovia não beneficia o produtor.

Ferrovias. A expansão da malha ferroviária brasileira não avança devido a problemas no marco regulatório para investimentos, disse o diretor e professor titular da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", José Vicente Caixeta Filho. "O marco regulatório das concessões de ferrovias é questionado a todo momento", afirmou Caixeta durante Fórum Estadão - Brasil Competitivo: "A Sustentabilidade do Campo II". Segundo ele, hoje a malha ferroviária é de cerca de 30 mil quilômetros e sua expansão não acontece devido a divergências entre empresas e governo. Para ele, há ainda o problema de oligopólio nas atuais ferrovias, que são majoritariamente controladas pela Vale e pela ALL.

Caixeta comentou ainda que a proposta das tradings Bunge, Cargill, Maggi e Dreyfus, de união para investimento em ferrovias com escoamento pelo norte do País, é o único caminho que essas empresas têm para justificar o investimento, e uma das únicas alternativas de curto prazo. "Ainda bem que eles estão a fim de se juntar e fazer isso", afirmou.

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