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Ambipar terá subsidiária na Bolsa de Nova York e quer acelerar expansão no exterior

Nova empresa, criada após a junção da Emergência com a HPX, pretende ganhar espaço, principalmente nos EUA, com serviços emergenciais para problemas ambientais

Por Juliana Estigarríbia
Atualização:

A brasileira Ambipar está se preparando para crescer ainda mais no mercado internacional, consolidando sua atuação no setor de serviços ambientais. O grupo fechou um acordo para sua controlada, a Emergência Participações, combinar negócios com a HPX, empresa de aquisição de propósito específico (Spac, na sigla em inglês), e com isso ter ações negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse). O plano é continuar crescendo em um mercado de grande potencial impulsionado pelas métricas de ESG (sigla em inglês para indicadores ambientais, sociais e de governança).

Companhia espera captar US$ 415 milhões com abertura de capital da Response na Nyse. Foto: Ambipar/Divulgação

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A nova empresa que terá ações na bolsa norte-americana vai se chamar Ambipar Response. “Pretendemos seguir com esse crescimento acelerado usando ferramentas de M&A (fusões e aquisições)”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor financeiro (CFO) da Ambipar, Thiago Silva.

A Emergência registrou, nos doze meses encerrados em 31 de março de 2022, receita líquida de R$ 1 bilhão. A empresa tem atuação no Brasil e no exterior, com mais de 10 mil clientes na América Latina, América do Norte e Europa. Opera com cobrança de mensalidades para prontidão de resposta a emergências e serviços agendados. Em 2021, foram 28 mil serviços executados. Um exemplo comum de atendimento são ocorrências envolvendo tombamento de carretas com produtos químicos perigosos. A divisão atua de forma a mitigar danos e evitar um acidente ambiental.

“Tirando o eixo Rio-São Paulo, o Brasil ainda tem uma infraestrutura ruim de rodovias e esses acidentes são comuns, são dezenas por dia. Com isso, nos tornamos referência global na área. Começamos expandindo para o Peru, Chile, Colômbia e posteriormente para outros lugares, incluindo Estados Unidos e Reino Unido”, disse Silva.

Segundo o executivo, com o acordo para chegar à Nyse, a Response terá acesso a um custo de capital mais atraente. Também deve ampliar a base de clientes, incluindo atendimentos industriais. “Apesar de ter uma oferta de modais de transportes muito mais diversificada, os Estados Unidos também têm ocorrências e vão precisar do nosso know-how, inclusive em setores industriais, como silos, por exemplo.”

A empresa não tem concorrentes diretos no Brasil com atuação nacional, de acordo com Silva. Já nos Estados Unidos existem grandes players que prestam esse tipo de serviço de emergência, porém, não como negócio principal, o que confere à Response um potencial de crescimento significativo.

“O anúncio é um marco importante para a Ambipar liberar valor e acelerar sua expansão inorgânica no exterior. A Response também terá um aprimoramento em sua governança corporativa, com a presença de membros da HPX tanto em seu conselho quanto na estrutura C-level”, apontam em relatório do Citi os analistas Antonio Junqueira e Guilherme Bosso.

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Transação

Após a conclusão do negócio, anunciado nesta quarta-feira, 6, a Response terá um valor estimado de aproximadamente R$ 3,1 bilhões e patrimônio líquido também estimado de R$ 2,9 bilhões. Segundo a Ambipar, espera-se que a combinação de negócios gere uma capitalização para a Response de US$ 168 milhões, podendo chegar a até US$ 415 milhões, caso não haja resgate de ações pelos atuais acionistas da HPX. Os recursos provenientes da união serão utilizados para acelerar o crescimento orgânico e inorgânico da empresa.

A Ambipar terá cerca de 71% do controle da Response, com 96% do direito de voto. A expectativa é que o preço por ação alcance US$ 10, num câmbio de R$ 5,30. “O caixa mínimo está garantido e assinado com os investidores. Já saímos ancorados”, disse Silva.

As Spacs têm conquistado cada vez mais espaço, especialmente em setores com grande nível de inovação, mas operações concluídas nos últimos meses vêm enfrentando desafios em meio às incertezas do mercado global. O executivo da Ambipar reforça, porém, que a Response tem um case sólido. “A empresa é geradora de caixa e tem um ROIC (retorno) atrativo. Acreditamos que terá um desempenho importante, com fluxo de caixa já vindo do mercado norte-americano. A Response é sólida”, avaliou o executivo.