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ANÁLISE-Fusões e aquisições em emergentes: a próxima bolha?

Por MATHIEU ROBBINS
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Empresas estão tentando escapar da crise de crédito e da desaceleração econômica na Europa e na América do Norte buscando crescimento através de aquisições em mercados emergentes, mas elas podem estar entrando no que pode se revelar a próxima bolha. Bancos de investimentos querem manter o mundo corporativo engajado em fusões e aquisições em países em desenvolvimento, como forma de garantir crescimento das receitas e também como mecanismo de proteção contra um revés econômico nos seus mercados domésticos. Mas o aumento do preço das companhias, em alguns casos com valor maior do que as empresas de mercados maduros, tem ampliado o temor de que o mercado pode estar superaquecido. "Podemos estar vendo o começo de uma bolha nos mercados emergentes", disse Ludovic de Montille, presidente-executivo da unidade britânica do banco francês BNP Paribas. "Existe uma competição por ativos e também algumas avaliações que alcançaram níveis que levam em conta a continuidade do crescimento, e os mercados emergentes são atualmente cíclicos", acrescentou. Empresas estão investindo em economias como China e Índia, bem como na Europa Oriental e na Turquia, em busca de expansão acelerada nesses mercados. Normalmente, esses acordos avaliam os ativos com base nas perspectivas futuras de fluxo de caixa --e alguns banqueiros estão preocupados com o fato de algumas análises ignorarem riscos geopolíticos e a possibilidade de uma recessão. De qualquer forma, a intensa competição por negócios nos países emergentes está levando a nível recorde de preços de ativos, particularmente dentro do setor bancário. Os bancos europeus costumam ser avaliados em acordos de fusões e aquisições em cerca de 1 vez e meia seu valor contábil. Mas instituições financeiras de países como Polônia, Turquia e Ucrânia têm sido vendidas por um preço cerca de três a quatro vezes seu valor contábil. Uma razão para explicar a diferença nos múltiplos pagos é o espaço para crescimento nesses países. Ao mesmo tempo, essas perspectivas de expansão atraem mais potenciais compradores e empurram os preços dos ativos ainda mais para cima. Leilões de bancos na Turquia e na Europa Oriental atraem com frequência instituições financeiras globais e bancos europeus da parte Ocidental. O leilão do banco turco Denizbank em 2006, por exemplo, despertou interesse de pesos-pesados da indústria financeira como Citigroup, Intesa, Societe Generale e BNP . O Denizbank acabou sendo comprado pelo belgo-francês Dexia, que pagou quase quatro vezes o valor contábil da instituição financeira da Turquia. "Em uma época de incerteza sobre a taxa de crescimento em mercados desenvolvidos, há um forte interesse em adquirir ativos em mercados em crescimento", disse um banqueiro sênior da área de fusões e aquisições da Europa. Aliado a isso, o número de oportunidades de fusões e aquisições em países desenvolvidos encolheu, e mais e mais empresas olham para mercados emergentes. "Se o valor dos ativos em mercados emergentes subir demais --outros 20 ou 30 por cento-- sem uma mudança nos fundamentos macroeconômicos, eles estarão superestimados", disse um executivo de um grupo de private equity com atividades em países em desenvolvimento.

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