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ANÁLISE-Medidas de corte de custos da InBev vão migrar para EUA

Por PHILI
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Vôos em classe econômica, impressão nos dois lados da folha e menos funcionários com celulares. A cervejaria belgo-brasileira InBev deve exportar seu modelo de controle de custos para os Estados Unidos para obter 1,4 bilhão de dólares em cortes de gastos se for bem sucedida na aquisição da rival norte-americana Anheuser-Busch . "Orçamento base zero" é central para o modelo de negócios da InBev, no qual departamentos têm que justificar todos os gastos, em vez de ajustar mudanças em seus orçamentos. Levado da América Latina quando a belga Interbrew se fundiu com a brasileira AmBev para formar a InBev em 2004, o modelo tem sido aplicado nas regiões onde a companhia opera. América do Norte desde 2005, Europa ocidental desde 2006 e Leste Europeu e Ásia desde 2007. Empregados e sindicalistas descrevem os mecanismos mais estritos de controle de orçamento: os celulares são retirados apenas por funcionários que justificarem a necessidade de um, novas canetas são entregues apenas em troca das velhas e um elevador na sede mundial da companhia ficou desligado por vários meses. O elevador voltou a ser usado agora, apesar de placas no saguão do prédio lembrarem: "Por que não usar as escadas?" A InBev afirma que tais medidas, e notavelmente esforços maiores de economia de energia e água, também são metas de sustentabilidade e que seu esforço de economia de custos é simplesmente um pilar de sua estratégia mais ampla focada em ampliar os volumes de cerveja. Mesmo críticos da InBev reconhecem que as regras se aplicam tanto ao presidente-executivo da companhia, o brasileiro Carlos Brito, como também aos outros funcionários e que boa performance é premiada. O plano normalmente corta custos em 10 a 15 por cento no primeiro ano, 5 a 10 por cento no segundo e o suficiente para compensar a inflação no terceiro. No primeiro ano de aplicação na Europa ocidental, a InBev obteve economias de 118 milhões de euros (186,3 milhões de dólares). RISCOS DE AQUISIÇÃO HOSTIL Anthony Bucalo, do Credit Suisse em Nova York, acredita que a InBev devem limitar os gastos da Anheuser-Busch com itens promocionais. "Eles são famosos por cortar isso. Eles são muito disciplinados sobre remoção de gastos", disse o analista, descrevendo os executivos brasileiros mais como "engenheiros de finanças" que cervejeiros ou profissionais de marketing. Bucalo vê riscos potenciais se a proposta de aquisição da Anheuser-Busch pela InBev se tornar hostil. "Se eles forem atirando e tomarem esse ativo sem o conselho e a família Busch, a nova companhia se arrisca a um enorme choque cultural", afirmou o analista. "A filosofia de orçamento base zero é difícil de implementar sem algum grau de interesse da força de trabalho". Ciente do status de ícone norte-americano detido pela Anheuser-Busch, a InBev afirma que manterá todas as cervejarias da empresa nos Estados Unidos abertas, mas pode mirar mais cortes de postos de trabalho que os mirados pela Anheuser. Sindicatos belgas reclamam que o modelo de consenso com a administração da Interbrew entrou em choque sob o comando brasileiro interessado em terceirizar funções e criar mais postos de trabalho flexíveis de meio período. "A administração apenas ouve se nós entramos em greve ou ameaçamos fazer isso", disse Luc Gysemberg, do sindicato de operários ACV. Já Roger Van Vlasselaer, do sindicato de funcionários em postos gerenciais BBTK, descreve as medidas do modelo orçamento base zero como "brutais" e afirmou que uma série de colegas nos Estados Unidos o contataram para entender a cultura de trabalho da InBev. "Parece que a Anheuser-Busch é muito social, uma companhia de estilo familiar, então eles estão temendo uma aquisição."

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