PUBLICIDADE

ANÁLISE-Mercado prevê revisão de meta de produção da Petrobras

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

O ritmo de conecção dos poços às plataformas da Petrobras foi muito lento no ano passado e uma aceleração será decisiva para a companhia cumprir a ambiciosa meta de fechar 2009 com produção média de 2,191 milhões de barris, considerada irreal pelo mercado que já espera uma revisão. Divulgados na sexta-feira, os dados de produção da estatal não foram surpresa para o mercado, que já esperava a frustração da meta de 2 milhões de barris anunciada no início do ano passado e revisada por duas vezes ao longo de 2008. "A demora do ritmo da conecção dos poços é que levou a não atingir a previsão", disse Nelson Matos, do BB Investimentos. "A P-52 entrou em dezembro de 2007 e levou quase um ano para conectar todos os poços e mesmo assim ainda não atingiu sua capacidade máxima de 180 mil b/d, está em 156 mil", afirmou. A Petrobras produziu em média 1,854 milhão de barris diários de petróleo em território nacional no ano passado, alta de 3,5 por cento em relação a 2007. Para atingir a meta de 2009, o crescimento teria que ser de 18 por cento em relação ao ano passado, alta considerada exagerada pelo analista do BES Gilberto Pereira de Souza. "Me parece meio alta (a meta 2009), deve vir uma meta menor do que essa no novo plano de negócios que vai ser avaliado no final do mês pelo Conselho da empresa", disse Souza referindo-se à revisão anual que a Petrobras faz de seu plano de negócios não concluída em 2008 e que deve ser divulgado no final de janeiro. "Só depois do plano estratégico vamos ter uma noção melhor, agora nem Deus sabe como será esse plano", brincou. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, mesmo abaixo das expectativas os dados de produção 2008 são positivos se comparado ao restante da indústria. "Se for pensar nas declarações que a Petrobras tem feito nos últimos anos, o resultado não foi muito bom não, mas se olhar para outras empresas do setor de petróleo, poucas conseguiram repor (as reservas) e produzir como a Petrobras", explicou, prevendo também que mais uma vez a meta não deverá ser atingida. Segundo os analistas, a Petrobras não informou o motivo do ritmo lento de conecção. RESERVAS A empresa divulgou na quinta-feira passada que as suas reservas subiram 1,2 por cento pelo critério da Sociedade dos Engenheiros de Petróleo, para 14,093 bilhões de barris, semelhante ao crescimento registrado no ano anterior, mas bem aquém do potencial da companhia, na avaliação dos analistas. "Os dados de reservas não mostram todo o sucesso exploratório da Petrobras em 2008, que por efeito calendário ainda não estão na reserva provada da companhia, mas em alguma hora vai entrar", explicou o analista do BES, que prevê um salto maior a partir de 2010, quando devem começar a entrar reservas mais expressivas da região do pré-sal. Descobertos em 2007, os reservatórios do pré-sal podem conter bilhões de barris de reservas que ainda não foram comprovadas e levarão anos para serem incorporadas na sua totalidade à reserva da Petrobras. Somente em dois campos da bacia de Santos as reservas são estimadas pela Petrobras entre 8 e 12 bilhões de barris. Para 2009 no entanto, a expectativa é que a exemplo de 2008 pelo menos uma parte do pré-sal do Espírito Santo, onde a camada de sal é menos espessa do que em Santos, seja contabilizada. Nelson Matos, do BB Investimentos, concorda com Souza e espera ver em 2009 mais dados sobre as reservas do pré-sal, apesar de acréscimos mais robustos serem esperados de 2010 em diante. Para ele, a contabilização de 128 milhões de barris do pré-sal do Espírito Santo em 2008 foi importante para mostrar ao mercado que a produção na região é viável mesmo com o petróleo barato, como já foi declarado pela empresa. "Um dado importante que ficamos sabendo sobre as reservas é que o petróleo do Espírito Santo foi considerado reserva a 36 dólares o barril, ou seja, é viável a esse preço", ressaltou. (Edição de Roberto Samora)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.