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ANÁLISE-Preços do aço: prontos para subir?

Por HUMEYRA PAMUK
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O pior já pode ter acontecido para os deprimidos preços do aço. A lenta melhora na Europa é um sinal cada vez mais forte de que o movimento de consumo de estoques da indústria de 800 bilhões de dólares está perto do final. Mas analistas não se atrevem a falar em recuperação sustentada pela fraca demanda do aço e uma recuperação concreta não é esperada para antes do final do ano, se não for em 2010. "Não estamos prevendo novas grandes quedas (no preço) e nem, por outro lado, estamos esperando uma rápida recuperação", disse John Lichtenstein, diretor global de aço da consultoria Accenture. A demanda por aço e os preços despencaram ao redor do mundo depois que a crise global de crédito paralisou o poder de compra dos consumidores e também forçou produtores a cortar atividade de maneira acentuada. Foi essa rápida resposta de oferta das siderúrgicas que removeu milhões de toneladas de capacidade do mercado. Juntando isso com o fato de detentores de estoques terem quase eliminado seus inventários nos últimos seis meses, os preços provavelmente acabarão por encontrar um piso. "Houve uma considerável queda nos estoques em toda a cadeia de suprimentos e isso está acabando", disse Lichtenstein. "Qualquer melhora na atividade do usuário final vai fluir para as usinas e aumentar encomendas e, conforme os intermediários ganham alguma confiança, vão começar um modesto movimento de estocagem", disse o analista. Em outubro, operadores do mercado de aço da Alemanha Coutinho & Ferrostaal estimaram que havia cerca de 3 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos em estoques em armazéns e portos no Oriente Médio e região do Mar Negro. Em dezembro, participantes de uma conferência do setor de siderúrgia realizada em Dubai, informaram que os níveis e estoques no Oriente Médio caíram para abaixo da marca de 1 milhão de toneladas. Os preços de tarugos de aço, forma semi-acabada de aço longo usado principalmente em construção, subiram acima dos 400 dólares a tonelada no mercado do Mar Negro recentemente, depois de terem recuado a níveis de 350 dólares no final de outubro. O preço de bobina a quente na Europa está atualmente acima dos 450 euros, depois de ter operado a 400 euros por tonelada no final de outubro. O 'boom' da construção no Oriente Médio, aliado a uma demanda insaciável da China tinha elevado os preços dos tarugos para níveis recordes acima dos 1.200 dólares a tonelada em junho do ano passado. Mas grandes cortes de produção de siderúrgicas importantes como ArcelorMittal, Severstal e Posco, sustentaram os preços, afirmam vários analistas. "De acordo com minhas estimativas, eles tiraram cerca de 90 milhões de toneladas de produção nos últimos quatro meses do ano", disse Peter Fish, diretor da consultoria britânica MEPS International.

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