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ANÁLISE-Time da Petrobras e Eike atraem investidor para OGX

Por Denise Luna (Broadcast)
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Blocos escolhidos a dedo por quem entende do negócio, garantia de sociedade com um empresário que tem transformado em fortuna oportunidades de negócios e o preço elevado do petróleo estão entre os fatores da forte demanda pela abertura de capital da OGX, do empresário Eike Batista, na próxima sexta-feira. Especialistas do setor avaliam que a contratação de executivos de peso da Petrobras garantiu a compra de blocos promissores na nona rodada de licitações do governo brasileiro, no ano passado, o que colocou a OGX como maior empresa privada do setor antes de furar um poço sequer. "A companhia levou um time de primeira linha, gente que sabe o que está fazendo, e com o petróleo a esse preço tem tudo para dar certo (a oferta)", avaliou o geólogo e ex-Petrobras Giuseppe Bacoccoli. Além do ex-presidente da Petrobras, Francisco Gros, membro do Conselho de Administração da OGX, Eike levou Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora com 27 anos de casa, e o ex-gerente de Exploração e Produção da Petrobras, Paulo Mendonça. Luiz Reis, ex-gerente-geral de projetos e exploração, e Nelson Guitti, ex-diretor financeiro da BR Distribuidora, todos com mais de 20 anos de casa, também deixaram a estatal atraídos pelos agressivos salários oferecidos por Eike. Segundo fonte da empresa, o plano é levar aos poucos mais profissionais da estatal, "mas bem aos poucos, porque senão acham que é declaração de guerra", disse a fonte. Um time desse quilate, que ainda conta com mais de 10 funcionários de escalões menores também vindos da estatal, seria, na avaliação do consultor Adriano Pires, o maior trunfo de Eike. "Quem escolheu os blocos da bacia de Campos, por exemplo, tinha total conhecimento, e isso deixa o investidor mais seguro... o Eike além de empreendedor não teme risco e tem sorte", avaliou Pires. Na bacia de Campos, a mais madura no Brasil e responsável por 80 por cento do petróleo produzido no país, a OGX possui sete blocos, todos localizados em áreas adjacentes a campos de petróleo já existentes, como o de Polvo, operado pela Devon Energy. Para Campos estaria sendo planejado o primeiro óleo da OGX, em 2011. A maioria das outras bacias estaria produzindo entre 2014 e 2015, com forte incremento a partir de 2016. RESERVAS Pelo estudo de viabilidade elaborado pela tradicional consultoria DeGolyer & MacNaughton, os recursos potenciais das áreas que serão ofertadas pela OGX seriam de 4,835 bilhões de barris de óleo equivalente, quase a metade das reservas provadas da Petrobras, de cerca de 11,4 bilhões de boe. A empresa nasceria também, se adquiridas todas as ações da oferta, com 8 por cento do valor de mercado da Petrobras, ou 38 bilhões de reais, segundo Pires. "Além de uma operação recorde de mercado, a empresa já vai nascer com um bom valor de mercado e essa estimativa de reservas é um volume muito bom", disse Pires. Para o professor Bacoccoli, pelo fato de a bacia de Campos já estar madura, a OGX deverá ter mais sucesso nos blocos situados nas bacias de Santos e Espírito Santo, em águas rasas e profundas, que ainda não foram tão explorados como os de Campos. Na região estão situados blocos da chamada camada pré-sal, onde Eike não adquiriu nenhum ativo. Em Santos, a OGX tem cinco blocos em águas rasas, quatro da nona rodada e uma participação de 50 por cento em outro adquirido de outra empresa. Desses, quatro estão localizados perto do campo de Mexilhão, operado pela Petrobras e possuem possibilidade de óleo leve, segundo prospecto da oferta de ações. Já no Espírito Santo todos os blocos estão localizados em águas profundas e serão operados pela Perenco. "Possuem características geológicas similares às dos campos de petróleo e gás natural já descobertos nesta Bacia, tais como os campos de Golfinho, Camarupim e Canapu, que produzem petróleo leve e gás natural", informou a OGX no prospecto. A OGX tem ainda blocos na nova fronteira da bacia Pará-Maranhão, onde ainda não há descobertas mas que, segundo a OGX, possui características geológicas similares às de Gana (oeste da África), onde houve importantes descobertas de petróleo leve nos últimos anos.

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