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Andrade aprova emissão de US$ 540 milhões

Com a operação, que tem como garantia ações da concessionária CCR e dos acionistas, companhia espera honrar dívida vencida de US$ 345 milhões

Por Renée Pereira
Atualização:

O conselho de administração da Andrade Gutierrez aprovou nesta sexta-feira, 03, a emissão de US$ 540 milhões (R$ 1,9 bilhão, pela cotação de ontem) no mercado internacional. Por unanimidade, os conselheiros também decidiram dar garantia pessoal dos acionistas e garantias reais da companhia para tornar a operação viável. 

A Andrade Gutierrez aprovou nesta sexta-feira, 03, a emissão de US$ 540 milhõesno mercado internacional Foto: Marcio Fernandes/Estadão

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O objetivo é arrumar recursos para pagar a dívida de US$ 345 milhões (R$ 1,2 bilhão) com credores estrangeiros, vencida na segunda-feira. As negociações para fazer o pagamento dos títulos estavam avançadas até o fim do mês passado, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou R$ 508 milhões em bens da empresa por suposto superfaturamento no contrato de obras civis da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. Após o não pagamento da dívida, a construtora mineira afirmou à agência de classificação de risco Fitch Ratings que estava tentando levantar dinheiro novo no mercado para honrar o compromisso. A decisão de ontem do conselho de administração tenta evitar que, com o calote de segunda-feira, os credores peçam a antecipação do pagamento de outras dívidas.+ ‘Andrade Gutierrez era deliberadamente remunerada por sua ineficiência’

Fontes ligadas ao assunto afirmam que a empresa estava negociando com a gestora Pimco um crédito para pagar a dívida vencida e outras que estão por vencer com bancos públicos e privados. Na quinta-feira, antes da reunião do conselho, uma fonte afirmou a expectativa era fechar o acordo até ontem e efetuar o pagamento até quarta-feira. A empresa foi procurada para explicar a operação, mas afirmou que não tinha nada para falar. A Pimco não respondeu.+ Com bens bloqueados, Andrade deixa de pagar dívida de R$ 1,2 bilhão

Garantia. De acordo com a ata, a empresa fará a emissão por meio da Andrade Gutierrez Internacional e dará garantias da AG Concessões, que detém 14,52% da CCR – empresa de concessões na área de transporte, e da AG Participações, que também tem uma fatia da concessionária. + Gilmar Mendes impede TCU de declarar Andrade Gutierrez inidônea

Para tornar a emissão viável, a Andrade dará as ações da CCR, que não estejam comprometidas em outros contratos, como garantia, além de outras ações e valores mobiliários da empresa e da AG Participações. A dúvida é quanto a empresa detém de ações da CCR disponíveis parar dar como garantia real nessa operação. 

De acordo com o documento, a emissão terá vencimento em 2021, com taxa de juros de até 13,5% ao ano. Uma fonte da área financeira e que conhece bem o setor afirma que essa taxa é típica de situação de stress financeiro. Os hedge funds (fundos de investimentos multimercados), por exemplo, cobram taxas de 15% pelo menos. Ou seja, a Andrade conseguiu uma taxa alta, mas não proibitiva. 

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