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Para Anfavea, corte de IPI vai compensar custos do setor automotivo

Fabricantes ainda se queixam de problemas como inflação alta e crise na oferta de chips, mas preveem vendas maiores

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Após queda de 15,8% na produção de veículos em fevereiro e de 23% nas vendas, ambos no comparativo anual, a indústria automobilística brasileira espera melhores resultados para este mês. A expectativa vem do corte de 25% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado recentemente pelo governo.

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Para os consumidores, a nova alíquota representaria redução de 1,4% a 4,1% nos preços dos veículos, de acordo com o tipo de motor. Algumas empresas já alteraram suas tabelas com base nesses cortes, mas é possível que, na maior parte dos casos, ocorra uma compensação dos aumentos de custos do setor.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, admite que o IPI menor vai aliviar parte do reajuste a ser repassado aos preços finais, o que, “de qualquer forma alivia o aumento que ocorreria”.

Outro inibidor do mercado, diz o executivo, deve ser a alta inflacionária, que deve se intensificar em razão dos impactos que a guerra entre Rússia e Ucrânia deve ter nos preços das commodities e da logística, com mudanças de rotas de navios e aviões para evitar a área.

Linha de produção da Volkswagen no ABC paulista voltaa operar com dois turnos de trabalho Foto: Pedro Danthas/Volkswagen

“O Banco Central precisa tomar cuidado com a dosagem no aumento da Selic (taxa de juros básica) pois, se errar, pode ocorrer um desastre ainda pior do que o já esperado para o PIB”, afirma Moraes. Ele lembra que a Selic hoje está em 10,75% ao mês, mas o juro do crédito ao consumidor, o mais usado no financiamento dos automóveis, está em 26,9%.

Matéria-prima

Outro problema que pode se aprofundar é o de falta de semicondutores, pois os dois países em conflito são importantes fornecedores da matéria-prima usada na fabricação desses componentes.

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O problema de escassez desses itens, provocado pela pandemia desde o fim de 2020, ainda afeta várias empresas locais, que seguem recorrendo a férias coletivas e suspensão temporária de contratos (lay-off).

Em fevereiro, as montadoras produziram 165,9 mil veículos, o pior resultado para o mês em seis anos. No bimestre, a queda é de 21,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Foram vendidos 129,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês passado – e 255,8 mil na soma dos dois primeiros meses. As concessionárias têm 84,9 mil carros em estoques que não têm direito ao corte do IPI, mas a Anfavea negocia com o governo a extensão do benefício.