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Após comprar a Schincariol, japonesa Kirin descarta novas aquisições no Brasil

No curto prazo, empresa não deve produzir localmente produtos comercializados pela Kirin em outros mercados  

Por Tiago Décimo
Atualização:

ALAGOINHAS - Após o grande investimento feito na compra da Schincariol - cerca de R$ 6,5 bilhões, em operação concluída em novembro do ano passado -, a japonesa Kirin Holdings não vai investir em aquisição de mais empresas no Brasil no curto prazo, nem produzir localmente produtos comercializados pela Kirin em outros mercados, garante seu presidente e CEO, Senji Miyake.

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Rumores de mercado indicavam um possível interesse da Kirin na Petrópolis, concorrente direta da Schin. "Não pensamos nisso, estamos focados em fortalecer a marca Schicariol no Brasil", afirma o executivo.

Para isso, a empresa deve aprofundar sua política de regionalização de produtos, nos próximos anos. A estratégia prevê uma remodelação da distribuição, pelo território nacional, dos produtos já existentes e o lançamento de novas marcas no mercado, específicas para determinadas áreas.

"A principal diferença na companhia após a chegada da Kirin foi a mudança de foco", diz o presidente da Schincariol, Gino di Domenico. "Estamos trocando o chip do foco na concorrência pelo do foco no consumidor. Nosso planejamento de médio-longo prazo, no período de três a cinco anos, é começar a entender o consumidor nas diversas regiões do Brasil, com o objetivo de construir marcas alinhadas com as tendências de consumo de cada mercado."

Miyake e di Domenico estiveram, hoje (quarta-feira), na Bahia, para participar do evento que marcou a inauguração da ampliação da fábrica da Schincariol em Alagoinhas, a 120 quilômetros de Salvador. A unidade recebeu investimentos de R$ 400 milhões para dobrar a produção - passa a ser a maior unidade da empresa no País, com capacidade de fabricar 900 milhões de litros de cerveja e 400 milhões de litros de refrigerantes por ano.

Concorrência

A ampliação tem como objetivo manter a empresa na liderança do mercado de cervejas no Nordeste - onde detém cerca de um terço de participação. "Temos plenas condições de atender à demanda da região e o crecimento do mercado", diz o presidente da empresa.

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A região vem sendo alvo de cobiça dos concorrentes. A Petrópolis, que tem apenas 0,5% do mercado nordestino, mas que se alterna com a Schincariol na vice-liderança do mercado nacional de cervejas (liderado pela Ambev), por exemplo, anunciou, nos últimos meses, a construção de duas fábricas no Nordeste, uma em Pernambuco e uma também em Alagoinhas.

Como a capacidade de produção de refrigerantes e bebidas não-alcoólicas, como sucos e águas minerais, também foi ampliada, a reforma também visa a frear o apetite com que outras indústrias do setor estão chegando à região. A peruana ISM, por exemplo, inaugurou, na semana passada, sua primeira fábrica no Brasil, também em Alagoinhas, e lançou sua marca de refrigerantes para o mercado nacional, a Goob. "Nossa meta é atingir de 10% a 15% do mercado nordestino", diz o gerente comercial da empresa no Brasil, Marcus Ventura.

Para di Domenico, o fortalecimento da concorrência na região é "natural", já que o mercado de bebidas industrializadas cresce "quatro vezes mais" no Norte e no Nordeste do que no restante do País. Para ele, porém, isso não é motivo de preocupação para a Schincariol. "Nossa preocupação tem de ser construir uma marca forte, e isso passa por entender o consumidor localmente e por desenvolver categorias e produtos para esse consumidor."

Lucro

Segundo Di Domenico, a estratégia da companhia para este ano, de concentrar esforços no resultado financeiro, tem dado resultados. "Tivemos um primeiro semestre muito positivo, que superou nossas metas", diz.

O plano foi desenvolvido por causa do prejuízo registrado no ano passado, de R$ 78,1 milhões - ante um lucro de cerca de R$ 50 milhões obtido em 2010. "Esperamos reverter o prejuízo do ano passado", diz o executivo. "O plano é que a receita líquida cresça 12,5% (sobre os R$ 3 bilhões de 2011)."

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