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Após crise, carros de luxo voltam a ser o foco em Paris

 No Salão do Automóvel da França, empresas deixam de lado apelo dos populares e põem na linha de frente os sonhos de consumo

Por Andrei Netto e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Os dias de penúria da indústria automobilística mundial estão encerrados. Dois anos depois da depressão profunda, as montadoras reunidas no Salão do Automóveis de Paris esbanjam riqueza, sofisticação e tecnologia com um intuito: voltar a fazer o consumidor sonhar com objetos do desejo.

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Quem procurar por carros populares terá de buscar no fundo dos estandes. Na frente, estarão os lançamentos de luxo, superesportivos, carros-conceito e modelos híbridos e elétricos. O Salão do Automóvel, que completa 110 anos, abre suas portas ao público no sábado, no centro de exposições de Porte de Versailles, em Paris, revertendo a atmosfera de crise da edição de 2008 – realizada três semanas após a quebra do Lehman Brothers.

Quinta-feira, em première, 10 mil jornalistas do mundo todo puderam conferir o que a indústria automotiva, representada por 362 marcas de 25 países, prepara para 2011 e 2012.

O objetivo de todos os dirigentes de montadoras com os quais o Estado conversou nos bastidores do evento é reverter as perdas e buscar nos mercados emergentes (leia texto abaixo) a saída para a crise. Na Volkswagen, segundo Christian Klingler, diretor comercial da empresa, o momento é de rever para cima os prognósticos de crescimento do mercado mundial, dos originais 5% para 6% ou até 7% em 2010. "Ainda há riscos, mas temos cada vez mais razões para otimismo neste ano", salienta.

Retomada.

"Dois anos depois da crise, percebo um início de otimismo das montadoras, não mostrando apenas soluções sobre ambiente, mas apostando de novo em estilo, que faz dos carros objetos de desejo", diz Ivan Segall, diretor-presidente da Citroën Brasil, montadora que investirá € 700 milhões no Brasil e na Argentina até 2012, na ampliação da planta de Porto Real, no Rio, e no desenvolvimento de produtos. "No último salão, só se buscavam soluções racionais, como carros de baixo custo. Agora, há uma percepção bem mais otimista do futuro no mundo."

Rogélio Golfarb, diretor de Assuntos Corporativos da Ford para a América do Sul, faz um diagnóstico preciso do que se passa no Salão de Paris. Para o executivo, as montadoras já consideram que a crise está no passado, mas também sabem que a recuperação será lenta e gradual na Europa e nos Estados Unidos.

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Para enfrentar os resquícios da recessão e a concorrência feroz, a saída é investir em pesquisa de novas tecnologias, como a da eletrificação e a da redução das emissões e do consumo de combustível. "O que se está vendo aqui é que ninguém quer ficar para trás. Não dá para não investir em novas tecnologias."

Essa mistura de estilo e tecnologia é onipresente no salão. O desenvolvimento de novos produtos é preocupação de todos. Enquanto montadoras como a Peugeot apostam em design, desempenho e luxo em linhas como o esportivo RCZ, na Renault as palavras de ordem são "híbrido" e "elétrico".

"Em um ano, nossos primeiros veículos elétricos serão comercializados", afirma Carlos Ghosn, presidente da Renault. "O desafio é reduzir nossa dependência do petróleo e lutar contra o aquecimento global. Só conseguiremos isso com um grande número de clientes." 

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