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Após um ano, Carlyle volta às compras no País com empresa de tecnologia

FS, do setor de segurança e serviços para celulares, atua tanto com marca própria quanto com a criação de soluções para terceiros; startup fundada há sete anos é o primeiro investimento do fundo americano no Brasil desde outubro de 2015

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Por Fernando Scheller
Atualização:

Um dos fundos mais ativos em grandes negócios no Brasil, o americano Carlyle concentrou seu apetite na América do Sul em países como Peru e Chile em 2016. Depois de pouco mais de um ano sem se movimentar no Brasil – a mais recente aquisição havia sido a Uniasselvi, do setor de educação, em outubro de 2015 –, o fundo voltou às compras no País ao investir em uma fatia minoritária na FS, de soluções de segurança e serviços para celulares. O fundo não revela o valor do negócio, mas o ‘Estado’ apurou que o acordo foi de mais de R$ 100 milhões.

Carlyle, de Félix, priorizou compras em países como Peru e Chile em 201 Foto: Amanda Perobelli|Estadão

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A compra da FS representa, de certa forma, uma mudança de estratégia do Carlyle no País. A maior parte dos negócios que o fundo mantém no Brasil está em setores tradicionais, como educação (Uniasselvi), saúde (rede de hospitais D’Or) e varejo (a loja de móveis e decoração TokStok). O Carlyle também controlou, no passado, negócios como CVC e Qualicorp.

O copresidente do Carlyle para a América do Sul, Juan Carlos Félix, afirma que o fundo prefere comprar o controle dos negócios, mas ressalva que não se trata de uma regra inflexível. “Também somos minoritários na rede D’Or”, exemplifica.

Ao contrário das demais empresas compradas pelo Carlyle, que eram marcas com décadas de tradição, a FS é uma startup de tecnologia. Fundada em 2010, a companhia é mais conhecida pela venda de sistemas de segurança para celulares.

O negócio atua tanto com marca própria – Hero, que é vendida em rede s de varejo como Fnac, FastShop e Ricardo Eletro – quanto “escondida” atrás do nome de clientes.

Entre os serviços desenvolvidos pela FS estão apps para operadoras como Vivo, TIM, Oi e Nextel. Graças a essas parcerias, afirma Alberto Faria Leite, sócio e cofundador da FS, os produtos da empresa já estão nas mãos de 36 milhões de usuários brasileiros.

O empreendedor diz que a venda da participação minoritária ao Carlyle vai ajudar a empresa não só a se capitalizar, mas também deverá ser uma ponte para o mercado internacional. O portfólio do fundo americano fora do Brasil tem empresas que são potenciais clientes ou parceiras da FS.

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Um dos próximos passos da FS será um investimento maior em soluções para entretenimento e educação por meio de dispositivos móveis. Hoje, a startup tem cerca de 300 funcionários próprios e outras mil posições terceirizadas em call centers para atendimento a clientes.

Pulverização. O setor de tecnologia no Brasil ainda é bastante pulverizado. Por isso, áreas como tecnologia da informação e internet costumam aparecer entre as mais ativas em operações de fusões e aquisições. De acordo com relatório da KPMG, entre as 157 operações do feitas no terceiro trimestre de 2016, 25 foram no segmento de TI e 16 em internet.

Fontes de mercado afirmam que existe espaço para consolidação na área de tecnologia. Fora do setor de serviços em TI – no qual estão concentradas companhias de grande porte, como Totvs, Tivit e Stefanini –, o valor dos negócios costuma ser baixo.

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Especialista no setor de tecnologia, Pedro Waengertner, fundador da Aceleratech, considera o setor de segurança na internet um terreno fértil para novos negócios. Segundo ele, a PSafe é o maior destaque deste segmento no Brasil. Waengertner frisa que a companhia é quase um “unicórnio” (denominação dada às startups de tecnologia que conseguem superar a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado).

Apesar de o Carlyle ter retomado as aquisições no Brasil, o copresidente do fundo na América do Sul ainda não vê uma retomada clara da economia neste início de 2017: “O que a gente vê são sinais mais positivos, em especial pela valorização da Bolsa e pelo comportamento do câmbio.”