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Argentina elogia ‘modelo kirchnerista’ e relativiza sucesso brasileiro

'Vedetes da região não podem mostrar tal fortaleza', afirma vice-ministro

Por Ariel Palacios e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O vice-ministro da Economia da Argentina, Roberto Feletti, fez uma apologia do modelo econômico do governo da presidente Cristina Kirchner, ao mesmo tempo que relativizou a boa imagem que a economia brasileira - à qual chamou de "vedete" - teve no mundo nos últimos anos. Feletti, ao apresentar o relatório Conjuntura de julho de 2011, afirmou que o modelo argentino "é único no mundo, pois combina quatro fatores: a sustentação da demanda interna para criar mais postos de trabalho, um esquema competitivo de tipo de câmbio flutuante que nos permite acumular reservas internacionais como nunca antes, energia barata acessível para todos os setores da população e livre negociação dos salários nas reuniões empresários-sindicatos".

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Feletti afirmou que, na contra-mão da Argentina, "nem o Brasil, ou Peru, nem o Chile e o Uruguai, que são exibidos como as 'vedetes' da região, podem mostrar tal fortaleza".

O vice-ministro - que recentemente causou polêmica no empresariado local e nos mercado ao afirmar que "o populismo deveria ser radicalizado mais ainda" - sustentou que "o Brasil possui a taxa de juros real mais alta do mundo para tentar conter a inflação".

Além disso, criticou as outras economias da região, entre as quais o Peru "que não conseguiu legitimar seu modelo porque a Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA) comandado pelo presidente Alan García, não pode apresentar um candidato nas eleições presidenciais passadas, e além disso, tem um crescimento associado à primarização". O Chile também ficou na mira do vice-ministro argentino, que sustentou que o país "possui um mercado trabalhista informal e não aproveitou o Fundo do Cobre para fazer uma política contracíclica".

Desvalorização

No entanto, o vice-ministro admitiu que o Brasil é importante para a Argentina: "não me preocuparia hoje uma desvalorização no Brasil, mas sim, me preocuparia se o Brasil diminua seu ritmo de crescimento dos 5% anual para tentar brecar a inflação. Isso seria pior para a Argentina. Nossos números mostram que, por cada ponto a menos de crescimento, os brasileiros compram da gente US$ 500 milhões a menos de mercadorias".

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