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Ásia ganha força nos planos das múltis brasileiras

Mais da metade das empresas que planejam aquisições em outros países nos próximos anos estudam países como China e Índia

Por Marina Gazzoni
Atualização:

A China e a Índia ganham força como rotas de expansão das multinacionais brasileiras. É o que aponta uma pesquisa feita pelas consultorias Marsh e Mercer com 30 grandes empresas do País que fizeram aquisições internacionais nos últimos três anos. Metade delas planeja comprar ativos no exterior em dois anos. E os países emergentes asiáticos estão no alvo de 53% dessas companhias.

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A procura de ativos na Ásia é um movimento relativamente novo entre as multinacionais brasileiras. As grandes companhias fizeram 16 aquisições internacionais neste ano, uma soma que chega a US$ 3,6 bilhões, segundo dados da consultoria Mergermarket. Mas nenhuma delas foi na Ásia.

A Totvs, líder brasileira no setor de softwares, é uma das companhias que estuda aquisições na China, entre outros mercados emergentes, de acordo com o presidente da empresa, Laercio Cosentino. "Não vale a pena fazer aquisições em mercados maduros, como os Estados Unidos, onde o setor de softwares cresce 2,5% ao ano. Nos emergentes, podemos crescer em um ritmo de 20%", diz.

A fabricante de motores Weg saiu na frente e comprou uma companhia chinesa em 2004. "Além de adquirimos uma carteira local de clientes, ganhamos muitos clientes globais que já haviam instalado suas fábricas no país", afirmou o diretor-superintendente da Weg, Siegfried Kreutzfeld.

As multinacionais brasileiras seguem uma tendência global de busca de ativos em países emergentes. O grande poder de atratividade dessas economias é o potencial de expansão dos negócios, a competitividade global e os custos reduzidos, de acordo com o diretor de fusões e aquisições da Marsh, Paulo Baptista.

As aquisições na América Latina ainda lideram os planos de internacionalização das empresas, com 73% das intenções de compra. Neste ano, metade das companhias estrangeiras adquiridas está na região. "É a continuidade de um movimento que já vem acontecendo. Os latino-americanos são próximos ao Brasil e também têm características de economias emergentes", afirma a diretora da Mercer no segmento de fusões, Luiza Barguil.

A internacionalização do Itaú Unibanco passou por um processo de aquisições de ativos na América Latina e deve continuar com esse foco, afirmou o vice-presidente executivo do banco, Alfredo Setúbal. "É onde a nossa marca é mais conhecida", diz. O Itaú comprou a operação do Bank Boston no Chile e no Uruguai em 2007. Ele também atua como banco de varejo na Argentina e no Paraguai.

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Cultura. Para ganhar mercado no exterior, o Itaú optou por manter executivos locais à frente da operação e respeitar as características regionais de produtos e serviços. "No Brasil, percebemos que os bancos estrangeiros trazem produtos com nomes impronunciáveis e que não têm nada a ver com a realidade do País. Achamos isso errado e não queremos repetir esse erro no exterior", diz Setúbal.

Para operar no mercado asiático, os desafios culturais são maiores e começam pela comunicação no ambiente corporativo. "Os chineses jamais dizem ‘não’ explicitamente. E aquilo que parece um ‘sim’ pode ser apenas um ‘talvez’", diz o diretor-superintendente da Weg.

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