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Ata traz outra postura do BC e certeza de novas altas no juro, diz economista

Para economista da Mapfre, documento chamou atenção pela postura mais preocupada do BC na avaliação dos riscos sobre a convergência da inflação às metas estabelecidas

Por Flavio Leonel e da Agência Estado
Atualização:

A ata da reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, 28, chamou a atenção por conta de uma mudança de postura, desta vez mais preocupada, do Banco Central (BC) na avaliação dos riscos relacionados à convergência da inflação às metas estabelecidas. A análise é da economista Helena Veronese, da Mapfre Investimentos, que, em entrevista à Agência Estado, disse hoje que, depois da leitura do documento, chegou à conclusão clara de que serão feitos novos ajustes de alta na taxa básica de juros, por um período mais prolongado, conforme as próprias palavras do BC.

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"No Relatório Trimestral de Inflação, pelo menos pela sinalização que interpretamos, a análise era de que haveria apenas uma alta na Selic e o BC iria parar por aí porque achava que o cenário convergiria para a inflação em 2012", lembrou Helena. "Agora, a impressão que se tem é diferente e eles deixaram isso bem claro. É de que o cenário de inflação começa a ser desfavorável, que o crédito não vai desacelerar tanto quanto eles (diretores) achavam e, pelas palavras do Banco Central, o ajuste vai ser suficientemente prolongado", comentou.

De acordo com a analista, a ata não deixou claro o tamanho exato das novas altas esperadas para a Selic, mas a Mapfre deve começar a trabalhar com a expectativa de, pelo menos, mais dois ajustes de 0,25 ponto porcentual nos juros em 2011. Se confirmado esse cenário, a taxa de juros passaria para um nível de 12,50% ante os atuais 12% ao ano, definidos na reunião de abril do Copom.

Para Helena, outro detalhe importante da ata, além da mudança de postura sobre os riscos da inflação, foi a própria comunicação da autoridade monetária com o mercado por meio do documento divulgado hoje. "Deixou menos dúvidas e pode ter ficado mais claro que ele (BC) falou o que o mercado queria ouvir", afirmou. "Antes, o BC falava que o cenário de inflação não era tão ruim e, pelo contrário, que até era benigno para 2012. Dessa vez, não. Ele disse que a inflação está ruim, que o cenário não evoluiu favoravelmente para a inflação e que o crédito continua pressionado. Na verdade, ele falou o que todos estavam falando há meses", opinou.

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