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Avaliada em R$ 1,6 bi, empresa da parceria entre B3 e Totvs já tem IPO no radar

A Dimensa, companhia formada após investimento de R$ 600 milhões da B3 na empresa de serviços financeiros TFS, da Totvs, avalia uma abertura de capital num horizonte de três anos

Por Gabriel Baldocchi (Broadcast)
Atualização:

A nova empresa que emerge da parceria entre a B3 e a Totvs no mercado de tecnologia financeira terá como meta imprimir um ritmo de crescimento acelerado. Os sócios avaliam um horizonte de até três anos para que os R$ 600 milhões injetados pela operadora da Bolsa no negócio se transformem em aquisições. Além disso, enxergam como natural uma oferta inicial de ações (IPO, em inglês), que pode ocorrer dentro desse período, a depender do ritmo de execução do plano.

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A Dimensa surge da separação da TFS (Totvs Financial Services) da sua empresa-mãe, a companhia de softwares brasileira, combinada à entrada da nova sócia, a B3. Com a injeção de R$ 600 milhões, a operadora da Bolsa terá uma participação de 37,5% no negócio. O negócio ainda depende de aprovação dos órgãos regulatórios.

A nova empresa passa a ser avaliada em R$ 1,6 bilhão e terá como presidente Denis Piovezan, ex-vice-presidente da Linx, com passagens pelo Banco Ibi (Serviços Financeiros de Varejo da C&A), Walmart, Losango (Financiamento ao Consumidor do HSBC), Smiles e Banco Plural.

'Quanto mais rápida e bem sucedida for a execução desse crescimento agressivo, muito mais rápido vai se tornar um IPO', dizDennis Herszkowicz, presidente da Totvs Foto: Marcio Bruno/Totvs

O foco da companhia se divide entre os segmentos de sistemas para gestão de fundos de investimento, tecnologia bancária e sistemas para operação de cartões de bandeira própria (private label) no varejo. O mercado de atuação é estimado hoje em R$ 5 bilhões e tem como principal concorrente a Sinqia.

A carteira da nova empresa terá como ponto de partida cerca de 200 clientes que já eram da TFS, entre eles bancos como Itaú e Bradesco. Além disso, a Dimensa nasce com uma equipe de 400 pessoas e receita líquida de aproximadamente R$ 140 milhões em 2020. Além de enxergar um período de intensa transformação nos mercados em que a empresa já atua, os sócios também veem a possibilidade de ampliar as áreas de negócio.

A parceria com a B3 foi uma forma de acelerar essas frentes de crescimento, principalmente via aquisições, com novos recursos, o conhecimento e os relacionamentos da administradora da Bolsa brasileira na área de tecnologia financeira.

"O cheque que a B3 está trazendo é um cheque para M&A (fusões e aquisições)", afirma Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs. "Quando se faz uma operação como essa, o ideal é colocar um horizonte de dois a três anos para uso."

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O caminho para acelerar o passo da Dimensa passa também por planos para levar a companhia à Bolsa. Embora evite definir um prazo, Herszkowicz diz ser possível considerar o horizonte dos três anos. "Acreditamos que quanto mais rápida e bem sucedida for a execução desse crescimento agressivo, muito mais rápido vai se tornar um IPO."

Em relatório sobre o negócio, os analistas do banco Credit Suisse avaliaram que um IPO da nova companhia parece ser um caminho bastante provável para alcançar o maior valor num futuro não tão distante.

"Há oportunidades substanciais de crescimento, à medida que a entrada de novos participantes no mercado financeiro tem sido relevante, o que amplia a demanda por soluções especializadas de sistema", afirmaram Daniel Federle e Felipe Cheng. "Adicionalmente, a entrada da B3 como parceira pode ajudar a abrir portas para potenciais clientes."

Para Eduardo Nishio, analista-chefe da Genial, a parceria tem sinergias aparentes. Deve ajudar um negócio que estava subaproveitado na Totvs e pode ser uma alternativa para a B3 depender menos das negociações em Bolsa.

"Em teoria, é bom para os dois, mas se vai ser efetivo, a gente ainda não sabe", afirma. Ele vê como risco potencial a possibilidade de o negócio se perder dentro da estrutura de tecnologia da B3.

Proximidade

As negociações entre os sócios foram iniciadas pela Totvs há cerca de um ano. Além da própria proximidade da atuação da TSF com a B3, há ainda outros pontos em comum. Laércio Cosentino, fundador da Totvs, já foi conselheiro da companhia que administra a Bolsa brasileira. Ambas as empresas têm hoje um conselheiro em comum.

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Com a parceria, a B3 sinaliza ao mercado capacidade de agir com flexibilidade e agilidade em busca de novas oportunidades. Para a Totvs, o negócio inaugura uma nova alternativa no esforço de elevar o valor da companhia, com uma solução independente para uma frente de negócios dentro do conglomerado.

"É um caminho que pode se repetir no futuro", afirma Herszkowicz. "A Totvs é muito grande. Temos uma quantidade de coisas que eventualmente não podem conseguir gerar todo valor que elas têm dentro da Totvs." A empresa fez neste ano a sua maior aquisição, da RD Station, por cerca de R$ 2 bilhões, e segue de olho em novos alvos.

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