
06 de fevereiro de 2017 | 21h55
SÃO PAULO e RIO - A Vale deverá reconhecer uma baixa contábil (“impairment”, no termo em inglês) de US$ 1,2 bilhão nos balanços do quarto trimestre e do ano passado, a serem divulgados no dia 23 de fevereiro. O ajuste se refere a projetos de fertilizantes vendidos à Mosaic por US$ 2,5 bilhões, em negócio anunciado em dezembro.
A companhia também reduzirá o valor contábil de operações de metais básicos, o que deve afetar o lucro de 2016. As baixas foram informadas nesta segunda-feira, 6, por conta da reabertura da emissão de bônus da empresa com vencimento em 2026. A Vale captou US$ 1 bilhão com a operação, como antecipou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
No comunicado feito para atender às exigências da Securities and Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado americano, para a emissão de bônus, a Vale afirma que também espera novas baixas contábeis “em razão da perspectiva de menores preços de certos produtos” nas operações de metais básicos de Newfoundland and Labrador e Nova Caledônia. Os valores nesse caso ainda não estão determinados, mas a companhia espera que sejam “significativamente menores” do que o “impairment” reconhecido nesses ativos em 2015, de cerca de US$ 1,5 bilhão.
A companhia informou ainda que os resultados anual e do quarto trimestre de 2016 foram afetados por “preços melhores de minério de ferro, tendência de preços de outros produtos e variações cambiais”. Baixas do tipo são feitas quando uma companhia calcula que não poderá recuperar o valor de ativos. No caso dos fertilizantes, pode indicar que foram vendidos por menos do que o avaliado pela Vale.
Na semana passada, o diretor de relações com investidores da Vale, André Figueiredo, afirmou que a mineradora provavelmente teve lucro em 2016 e pagará ao menos 25% do resultado em dividendos aos acionistas. O “impairment” tem apenas efeito contábil, não afetando o caixa. No pregão de ontem, os papéis da companhia recuaram (Vale PNA registrou queda de 1,41% e ON, retração de 2,25%), acompanhando a queda do preço do minério de ferro e o anúncio das baixas contábeis.
Com os recursos levantados, a Vale deve pagar uma dívida de € 750 milhões que vence em março de 2018. O restante será usado para “fins gerais da empresa”. Segundo fontes, a demanda pelos bônus se aproximou de US$ 5,5 bilhões. As agências de classificação de risco Moody’s e Standard & Poor’s afirmaram que a operação não afeta a nota da companhia.
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