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Bancos públicos lideram aumento da reserva contra calotes

No total, a reserva feita por instituições financeiras estatais somou R$ 33,276 bilhões

Por Fernando Nakagawa , Fabio Graner e da Agência Estado
Atualização:

Bancos públicos lideraram o aumento da reserva contra calote nos empréstimos, a chamada provisão contra devedores duvidosos. Segundo dados do Banco Central, instituições controladas pelo setor público elevaram a provisão em 1,4% em julho na comparação com junho. No total, essa reserva feita por instituições financeiras estatais somou R$ 33,276 bilhões. Enquanto isso, privados nacionais elevaram as provisões em 0,7% na mesma base de comparação (para R$ 45,882 bilhões) e os estrangeiros reduziram a reserva em 1,6% na comparação com junho (para R$ 16,265 bilhões).

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Nas instituições controladas pelo setor público, o maior aumento na provisão foi destinado aos calotes de longo prazo, com atraso no pagamento superior a 180 dias, cuja provisão aumentou 2,6% no mês e já soma R$ 19,596 bilhões. Nos privados nacionais, a provisão que mais cresceu foi a destinada aos inadimplentes que deixaram de pagar contas que venceram em período entre 151 dias e 180 dias. Nesse caso, a reserva cresceu 2,8%, para R$ 3,886 bilhões.

Apesar disso, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, avalia que a tendência da inadimplência para pessoa física no crédito livre é de queda, já que os atrasos inferiores a 90 dias estão caindo. Só é considerado inadimplência atraso no pagamento do crédito superior a 90 dias. No caso da pessoa jurídica, Altamir avalia que futuramente pode haver alguma elevação, já que os atrasos inferiores a 90 dias estão estáveis há muito tempo, sem demonstrar trajetória de queda.

BNDES

Altamir Lopes atribuiu a elevação do spread bancário para as empresas a um movimento de migração das pessoas jurídicas para o financiamento com o BNDES. Segundo ele, as grandes companhias, que têm um menor nível de risco, estão tomando crédito com o banco estatal (cujo crescimento em 12 meses já chega a 45%), enquanto a carteira de crédito que permanece com os bancos privados teria um nível de risco maior, provocando um custo maior de financiamento.

Ele considerou como "improvável" a hipótese de que as instituições financeiras simplesmente estariam elevando suas margens de lucros ao subir os spreads. Altamir disse ainda que a elevação da taxa média de juros para pessoa jurídica ocorreu principalmente por causa de duas modalidades: desconto de duplicatas e conta garantida. A primeira teve juros de 41,1% ao ano no mês passado, ante 38,4% em julho. A conta garantida subiu 6,8 pontos porcentuais de um mês para o outro, atingindo a taxa de 91,8% ao ano, a mais alta desde abril de 1999. Segundo Altamir, movimentos pontuais de empresas também ajudam a explicar a alta no custo médio do crédito livre para pessoa jurídica.

O técnico da autoridade monetária avalia que a alta dos juros e spread para as empresas no mês passado não representa uma tendência e que em agosto já há sinais de estabilização. Embora também não espere uma redução dos custos no curto prazo, para o horizonte mais de médio prazo - a partir do ano que vem -, ele enxerga uma tendência de redução das taxas cobradas das empresas.

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