A base de cartões do mercado brasileiro manteve expansão em abril. Já o volume de transações e o faturamento do setor desaceleraram levemente o ritmo de crescimento, mas voltaram a subir forte este mês devido ao Dia das Mães.
Em abril, o número de cartões ativos no país subiu 10% no espaço de 12 meses, para 586,6 milhões de plásticos, segundo dados antecipados à Reuters pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
O movimento foi puxado pelo segmento de private labels, de cartões emitidos por lojistas, com alta de 14%, seguido pelos cartões de crédito, com avanço de 11%. Os cartões de débito evoluíram 7% no período.
Já as 536,9 milhões de transações realizadas em abril foram 14% maiores na comparação anual, ritmo inferior à expansão observada nos três primeiros meses do ano, de 15% a 16%.
Com isso, o faturamento do setor, que chegou a R$ 40 bilhões no mês passado, desacelerou para uma evolução anual de 19%, ritmo que vinha acima de 20% de expansão entre janeiro e março.
Segundo o presidente da Abecs, Paulo Caffarelli, a despeito da sazonalidade normal do setor refletida nesses números, a curva de expansão é um indicativo de que o consumo doméstico escapou dos efeitos da crise europeia.
"Até agora não sentimos nenhum impacto. Estamos passando incólumes", disse Caffarelli à Reuters.
Segundo números preliminares da entidade, a velocidade foi retomada este mês, puxada pelas vendas relacionadas ao Dia das Mães. Dados da Abecs apontam que a base total deve chegar a 591,8 milhões de plásticos no final de maio, avanço anual de 11%.
Ao mesmo tempo, a projeção da entidade é de que o total de transações tenha avançado 16% sobre maio de 2009, para 580,7 milhões, fazendo o faturamento dar um salto anual de 23%, para R$ 44,3 bilhões.
Se o ritmo de crescimento se mantiver, o Brasil atingirá 628 milhões de plásticos em dezembro, de acordo com a Abecs. Isso significa uma média de mais de três cartões para cada brasileiro, considerando a população de quase 193 milhões de pessoas, com base em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Autorregulação
De acordo com Caffarelli, a Abecs deve divulgar em junho um código de autorregulação do setor, incluindo temas como interoperabilidade entre as credenciadoras, o estabelecimento de uma clearing comum e a taxa de intercâmbio. Trará também o compromisso da entidade para a criação de bandeiras nacionais de cartões.
"Isso pode abrir espaço para surgimento de várias novas bandeiras", disse Caffarelli.
No mês passado, Bradesco e Banco do Brasil anunciaram a criação da bandeira Elo, que vai concorrer com as gigantes Visa e Mastercard.
Conforme o executivo, no segundo semestre deve sair também um documento tratando da padronização da cobrança de tarifas dos cartões de crédito para portadores, assunto que a Abecs vem discutindo com o Banco Central.
Para Caffarelli, o fim dos acordos de exclusividade entre as bandeiras e redes adquirentes e a nova regulamentação do setor terá dois efeitos imediatos. Primeiro, a entrada de novos adquirentes internacionais. O outro será a aceleração da emissão de cartões, com a entrada de novas bandeiras.
"Ainda há um espaço enorme para expansão desse segmento, que é o segundo mercado financeiro que mais cresce no Brasil, só atrás do crédito imobiliário", disse.
Por Aluísio Alves