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BC argentino eleva multas a bancos para manter estabilidade do peso

Bancos podem reter em dinheiro apenas 30% do patrimônio; o restante deve ser vendido no mercado de câmbio

Por Marina Guimarães e correspondente da Agência Estado
Atualização:

BUENOS AIRES - O Banco Central da República Argentina (BCRA) quintuplicou o valor das multas para os bancos que não cumprirem a norma que limita o volume de divisas em mãos das instituições financeiras em 30% do patrimônio. O excedente tem que ser que vendido no mercado de câmbio para alimentar a oferta e reduzir a pressão da demanda sobre as reservas internacionais. A norma foi editada no início de fevereiro, após a forte desvalorização do peso de 23% ocorrida em janeiro.

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Com o aumento da oferta de dólares, o mercado se estabilizou e o governo comprou prazo até março e abril, quando entra o grosso das divisas provenientes da venda de soja e derivados. Porém, nos últimos dias os bancos reduziram o volume de operações de vendas e a moeda chegou a ganhar 0,88 centavos na sexta-feira, ao fechar em 7,815 pesos (compra) e 7,865 (venda). Até o início da tarde desta segunda-feira, a moeda permanecia estável. No câmbio paralelo, a cotação recuava 0,42%, a 11,70 pesos (compra) e 11,75 (venda).

A atuação do BC foi rápida para interromper o ritmo mais lento da venda obrigatória de dólares por parte dos bancos, considerada fundamental para evitar uma nova corrida no mercado cambial, como a que forçou a desvalorização de janeiro. Na primeira semana da medida que determinou a venda, os bancos colocaram no mercado US$ 1,060 bilhão. Na segunda semana, o volume baixou para US$ 281 milhões e, na última, para US$ 210 milhões.

Fonte de um banco local explicou ao Broadcast que não se trata de "especular com a moeda, como acusa o governo". A questão, continuou, "é que causa preocupação essa 'pesificação' forçada; ficamos descobertos, com menos dólares para lidar com alguma corrida mas forte que provoque uma desvalorização feroz".

Além de disciplinar os bancos para abastecer o mercado cambial, o governo pressionou as exportadoras para internalizar suas receitas com as vendas externas. O setor internalizou US$ 281,16 milhões durante a semana passada e acumulou em fevereiro US$ 1,197 bilhão, conforme dados da Câmara da Indústria de Óleos da República Argentina (Ciara, pela sigla em espanhol). Desde janeiro, o setor internalizou US$ 2,26 bilhões, cumprindo a promessa feita ao governo de chegar a US$ 2 bilhões em fevereiro.

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